Por Jânsen Leiros Jr.
Bem não começou o governo Michel Temer, e dois de seus ministros já caíram
por envolvimento em conversas gravadas, onde as influências políticas e forças
ocultas pretendiam prejudicar o desenvolvimento dos trabalhos da operação Lava
Jato, ou mesmo paralisá-lo, calando assim a boca do Procurador Geral da República,
e do juiz Sérgio Moro.
De certa forma, aquilo que
imaginávamos e até chegamos a escrever em nosso blog, na oportunidade ventilado
como um incômodo provocado por declarações isoladas, começa a se revelar como
pretensão implícita no movimento de impeachment da presidente, agora afastada,
Dilma Rousseff.
Antes que se levantem os “coxinhas” de
plantão, esclareço que sou tão “coxinha” quanto tantos outros brasileiros, e
também fui partidário da admissibilidade do processo de impeachment de Dilma.
Mas não podemos tapar os olhos para aquilo que já nos causava desconfiança, e
que agora se desnuda da mais flagrante e inquestionável forma; gravações de
conversas entre delatores e citados nas investigações da Lava Jato. Ora, a quem
mais interessaria a suspensão dessa operação, se não a esses senhores?
Independente do processo de
impeachment e do afastamento de Dilma, ainda que considerássemos o governo
Temer recém saído das urnas, já seria tudo isso forte indício de haver um
esquema de conveniências políticas pessoais ou corporativas. Quanto mais
aviltante, em se tratando de um governo que emerge de um processo desejado e
acompanhado pela maioria da população, e que auto se denomina como governo de
recuperação nacional. Começam, na verdade, a se mostrar como um governo de
recuperação da tranquilidade pessoal dos diversos envolvidos em esquemas
denunciados, e de vários citados na Lava Jato.
O que nos trás algum alívio, é que
pelo medo de morrerem sozinhos e se tornarem mártires solitários de um esquema
que envolve tantos atores, os envolvidos se denunciam mutuamente e montam
armadilhas entre eles mesmos, nos proporcionando esse circo de horrores de
descaradas improbidades e lamentáveis desonestidades em todos os níveis da
administração pública. Eles mesmos se suicidam uns aos outros.
Na prática, o que temos agora é uma
rotina alterada de nossas vidas pacatas. Todos corremos para casa mais cedo, e
em vez de ligarmos a televisão para assistirmos a novela das nove, esperamos
todos o noticiário com o novo capítulo das gravações vazadas e das conversas
escusas, por seus autores chamadas de “republicanas”. Existisse ainda a
censura, apareceria na tela o aviso de que tal programa é impróprio para
menores de dezoito anos. Afinal, que exemplo de moral e honestidade se pode dar
a qualquer geração, quando aqueles que deveriam defender o direito e os
interesses de seus eleitores, se ocupam de se locupletar do dinheiro público, e
de esconder as pegadas e os vestígios de seus crimes?
No fim, de onde sairá a tão sonhada,
pretendida e necessária legitimidade para o tal acordo de recuperação nacional?
Sim, porque quando medidas forem anunciadas, quando os cortes forem feitos na
carne do cidadão e contribuinte, como acreditaremos que são efetivamente
necessárias, ou não passam de mais um golpe para atender interesses de quem
domina e se beneficia de toda essa máquina de sumir dinheiro? Como já disse em
artigos anteriores, eu desejo tanto estar totalmente errado…