terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Gritos e pichações - táticas de guerrilha

 Por Jânsen Leiros Jr. 
" Tentar desqualificar um oponente ideológico é o primeiro sintoma da perda do argumento e da convicção do que se defende”.
http://pensadorialimpo.blogspot.com/

Em sua coluna no jornal O Globo de 17/12/2018[1], o respeitado Demétrio Magnoli, por quem tenho razoável admiração, fez colocações claramente forçadas, na intenção de colar no juiz e futuro ministro da Justiça Sérgio Moro, o rótulo de quem se prestará a um papel de capanga de Bolsonaro no novo governo. Uma tentativa flagrante de desqualificar o ocupante do cargo, ao mesmo tempo que reduzir a importância da pasta na estrutura do Estado.

Sob o título Moro, a lei e a desordem, o colunista afirma que Ele pode assumir ministério de cabeça erguida, desde que reconheça natureza política da nova função. Na prática, Magnoli parece fazer eco à grita dos que estão apavorados com a possibilidade de terem seus malfeitos revelados, como fraturas expostas purulentas e não tratadas, porque camufladas sob o aparelhamento a que foi submetido o Estado brasileiro. A maneira como encadeia as ideias em seu artigo, dá a entender que prepara a sustentação filosófica para uma vitimização em massa, dos que temem ser alcançados pela justiça.

Primeiro, ainda que não literalmente, ele dá a entender que há uma sub-reptícia ambição política do futuro ministro, ao aceitar deixar suas funções como juiz federal de primeira instância no Paraná, e assumir a pasta da Justiça. Isso porque afirma que tanto o cargo quanto a tarefa a ser exercida por seu ocupante é eminentemente política, uma vez que atende aos interesses de governo do presidente da república. Ora, ele nem estaria errado, não se tratasse de Sérgio Moro e Jair Bolsonaro. E por que os coloco como diferenciais no argumento? Porque desde o princípio, o presidente eleito destacou que seu viés de escolha para os ministérios seria de competência técnica, e não em função de loteamento político a partidos e aliados. Sérgio Moro no Ministério da Justiça é quase que uma escolha óbvia, não apenas por notória qualificação, mas também por emblemática demonstração das pretensões do futuro governo.

“Da declaração de Moro infere-se o projeto de transformar a Lava-Jato em programa de governo, o que implicaria politizá-la”. Não, a Lava Jato não será um programa de governo, mas o combate à corrupção é, e sempre foi, um declarado programa de governo do presidente eleito, e um dos principais pilares de sua campanha. A colocação do colunista reduz assim a operação a uma ferramenta política de Bolsonaro, inferindo que, a partir de agora, tudo o que a Lava Jato vier a revelar, bem como todos os seus desdobramentos, perderão a isenção e necessária imparcialidade, tornando suspeitos todos os seus movimentos.

Mas o que o então juiz Sérgio Moro quis dizer em sua declaração de que estaria indo “consolidar os avanços da Lava Jato em Brasília”, é que, como ministro da Justiça, trabalhará para que Polícia Federal e demais órgãos ligados ao combate ao crime e à segurança pública, estejam livres das pressões daqueles que tentam fazer do Estado uma máquina a serviço de interesses pessoais ou políticos, quer sejam próprios ou de aliados. Ou alguém tem dúvida das dificuldades encontradas por PF e MPF no desenvolvimento de suas funções e operações, quando essas alcançam ou pretendem alcançar, figuras ou figurões do cenário nacional?

Não são só declarações. Moro pretende estreitar a integração entre a Polícia Federal (PF), o Ministério Público (MP) e o Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) para investigar a origem dos recursos depositados no exterior e repatriados em programas de incentivos dos governos Temer e Dilma. O futuro ministro esboça um desenho no qual sua pasta supervisionaria investigações criminais, indicando prioridades à PF, ao MP e ao Coaf. Desse monstro, só pode nascer um Estado policial: a lei a serviço da desordem.” Ora, investigar aquilo que sabidamente esconde ações ilícitas caracteriza Estado policial? Ou seria desde sempre dever de origem de um ministério, que se pretende, seja o órgão garantidor da justiça e dos interesses da nação brasileira. É óbvio que o intuito aqui, mais uma vez, é preparar conceitualmente o cenário, para mais à frente, quando das inevitáveis descobertas de desvios e de tudo o mais que vier a ser revelado, possam dizer que não passa de mero revanchismo político do futuro governo. A velha máxima de tentar desqualificar o opositor.

Moro, contudo, quer destruir o muro que isola o sistema judicial da influência do governo”. Outra grande máxima: Acuse-os do que você faz. Quem por quatorze anos, e por quantos mais não se sabe, exerceu e ainda exercerá toda sorte de influência no sistema judicial foi o PT e seus aliados. Com indicações convenientes e estratégias políticas conjuntas, os partidos então no governo, arbitraram as diretrizes das decisões judiciais, apenas tendo como desfavoráveis, aquelas em cujo clamor nacional e o peso das vaidades pessoais, falaram mais alto no foro íntimo de alguns dos agentes do processo. Na prática, mais uma fala que tenta antecipar ideologicamente a falácia futura, quando as decisões dos tribunais eventualmente condenar esse ou aquele envolvido. A justiça está a serviço de um governo revanchista, dirão a plenos pulmões.

Ou seja, o que temos nesse artigo publicado no O Globo, que sugiro que seja lido na íntegra, é uma verdadeira conceituação e um pretenso embasamento filosófico, para tentar desqualificar, desde já, tudo o que a continuidade da operação Lava Jato vier a revelar, quer a partir do que já tem investigado, quer no seu aprofundamento quando da desobstrução dos corredores por onde tramitam interesses e conchavos políticos lesivos à nação.

No fim, o que passaremos a ver com certa frequência na mídia formal e nas redes sociais, é uma batalha por nossas mentes e corações. Mais exatamente uma guerrilha, em que os derrotados nas urnas picharão os muros de nossos entendimentos com palavras de ordem, que também gritarão aos quatro cantos. Tentarão conduzir nossas consciências a contextos em que a manipulação ideológica se torna mais fácil, tentando angariar efetivo para a desejada resistência; a prática da divisão – eles e nós. Essa gente não quer um país passado a limpo, nem uma nação coesa e unida, ainda que diversa. Eles querem a manutenção da obscuridade e de tudo que mantenha um ambiente sombrio e dividido. Eles adoram muros. Porque trabalham no escuro e no secreto, já que suas verdadeiras intenções e obras seriam expostas à Luz.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Resistência à democracia?


Por Jânsen Leiros Jr.

" Boulos convoca protestos contra eleição de Bolsonaro em “defesa da democracia”"
 “vai ter oposição, essa oposição vai tá na rua (…) e já vamos para as ruas nos próximos dias (…) pra afirmar a defesa da democracia”.
https://catanduvasmais.com.br/boulos-convoca-protestos-contra-eleicao-de-bolsonaro-em-defesa-da-democracia/


Logo após a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, Guilherme Boulos do PSOL, que no primeiro turno das eleições teve 0,58% dos votos, considerando-se representativo e porta-voz da campanha derrotada, convocou em um vídeo que viralizou pela internet, um chamado movimento de resistência contra o candidato eleito, em favor da democracia... Democracia? Eu sinceramente não consegui entender essa sua lógica.

Pelo que se sabe, e a menos que todo o jornalismo que cobriu o processo eleitoral tenha omitido quaisquer ocorrências, tudo correu na mais perfeita ordem em todo o território nacional. Segundo relatório passado pela ministra Rosa Weber, presidente do TSE, os casos de descumprimento da lei eleitoral esse ano foi menor do que os registrados em 2014, o que reforça o entendimento de que, não obstante o acirramento dos ânimos das campanhas nessa reta final, o clima de respeito e ordem entre a população foi exemplar.

E não só isso. O resultado das urnas seguiu o que franca e abertamente se percebia entre o eleitorado. Tanto é assim, que algumas pesquisas sobre a percepção do eleitor quanto a quem ganharia a eleição presidencial, apesar das particulares predileções, indicavam que 87% dos eleitores acreditavam na vitória de Jair Bolsonaro. De modo que as urnas, quando abertas, não revelaram qualquer surpresa do que já se imaginava.

Portanto, o candidato vitorioso foi eleito, não por ato de força ou imposição de qualquer instituição, senão pelo voto livre e espontâneo da maioria dos eleitores. Mais exatamente pouco mais de 57 milhões de pessoas, ou 55% dos votos válidos. Ou alguém soube de qualquer eleitor de Bolsonaro que tenha assim votado, motivado por chantagem ou ameaça qualquer?

Qual a motivação então de uma resistência ao resultado das urnas? Em que momento houve qualquer imposição pela força, que contra ela se requeira uma resistência? Sim, porque só se resiste ao que se é forçadamente obrigado. Mas se o resultado das urnas expressa a vontade da maioria, a isso não se resiste, mas se acata. Aliás, a isso sim chamamos democracia. Mas em vez disso, o que Guilherme Boulos e quem quer que ele represente pretende, é uma resistência à democracia.

Ora, demonizar Jair Bolsonaro tentado fazer de sua figura um inimigo público é completamente sem sentido, uma vez que desrespeita a escolha da maioria, e menospreza o voto de todos os seus eleitores. Além disso, tentar tornar ilegítima sua escolha é tentar criar um terceiro turno nas eleições, pleito não previsto na constituição brasileira. Claro que uso de ironia.

Em sua fala no vídeo, Boulos diz que o Brasil é muito maior que Bolsonaro. Nisso ele está coberto de razão. E por isso mesmo ele só poderá ser presidente, porque foi exatamente o Brasil, pela escolha soberana da maioria de seus eleitores, que o escolheu para o cargo de presidente da república. Não fossem esses votos, ele não teria sido eleito. Sim, Jair Bolsonaro é mesmo um soldado, que cumprirá a missão dada pelo povo brasileiro, de presidi-lo pelos próximos quatro anos. Ou será que a democracia só é boa e o voto da maioria só é válido, quando favorável à esquerda?

Sim, também é verdade que uma parcela representativa da população votou em Fernando Haddad. Mas essa parcela, ainda que representativa, é menor do que a parcela que votou em Bolsonaro, o que faz dele, pela constituição federal, o legítimo e democraticamente escolhido chefe do governo do Brasil. Desrespeitar a vontade da maioria, isso sim, é um atentado ao estado democrático de direito. De modo que toda insatisfação e toda a contrariedade são aceitáveis, desde que respeitadas as condições constitucionais. Mas incitar a população a uma pretensa resistência, como se uma batalha sangrenta tivesse sido travada para eleger Bolsonaro, é pretender manter a nação dividida, colocar lenha em um clima de guerra, onde os interesses políticos de alguns, são flagrantemente mais importantes que os interesses de toda uma nação.

Sim, porque o que o brasileiro quer, independente de quem o lidere, é a melhoria de suas condições de vida. É a recuperação e o crescimento da economia, de modo a garantir-lhe emprego, educação, saúde e segurança. O que o brasileiro quer é o combate ostensivo à corrupção, que sangra os cofres do governo e impede a efetiva execução das políticas públicas. Um ambiente de disputa pelo poder e a manutenção do cenário de um país divido, só atende aos interesses de quem pretende manter uma parte do povo cativo, para dele se utilizar como patrimônio eleitoral, conforme suas conveniências e casuísmos.

É preciso entender de uma vez por todas que o processo eleitoral chegou ao fim. Acabou. Temos um presidente eleito. E é hora de descermos todos do palanque e trabalharmos. Temos um país a reconstruir. Temos uma economia a recuperar, e isso não se faz com palavras de ordem, e muito menos com incitação das massas. Riqueza se produz com trabalho, dedicação e empenho.

Maravilha da democracia, se o presidente eleito não corresponder, trocamos. Se pior que isso, o impedimos. Somos mesmo maiores que qualquer candidato eleito. Nós os colocamos, nós os trocamos. Simples assim.

Precisamos sim dar uma virada de mesa, mas para mudarmos os rumos desse país. Deixarmos de ser o país da corrupção, para nos tornarmos o país da produção. Um país dado a mais trabalho e menos discurso. Um país onde haja direitos à medida que deveres cumpridos. Um país onde a assistência seja um socorro e um apoio temporário, e não uma dependência permanente que vicia e escraviza. Uma nação em que incentivos fiscais não se transformem em margem de lucro de empresas, barganhas políticas, ou propinas escusas.

Não é hora de resistência, mas de inteligência, unidade e convergência. Inteligência para percebermos que a hora de reagirmos no cenário mundial é agora. De unidade para deixarmos de lado as diferenças e predileções políticas, entendendo que estamos todos do mesmo lado, no mesmo time, e que temos todos um mesmo objetivo. E de convergência, para que todos os esforços e recursos de nossa gente, estejam voltados para um único fim; fazermos desse país, definitivamente, uma grande nação. Somos o maior país da América Latina. Um gigante, que precisa caminhar firme na direção de um futuro compatível com a grandeza de seu povo, em vez de viver tropeçando nas próprias pernas.

Daqui pra frente, se alguém sugerir que você se engaje em alguma inoportuna resistência, responda com simpatia que está ocupado, construindo um novo Brasil.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Habemus Presidente!


Por Jânsen Leiros Jr.

"Não tenham medo, nós estaremos aqui"
Haddad em discurso após derrota


Enfim, habemus presidente! E o melhor, num clima de serena tranquilidade, numa verdadeira festa democrática, em que números impressionantes demonstram a maturidade com que nos comportamos como nação, apesar de todas as dificuldades que vimos enfrentando nos últimos anos.

Mais de 115 milhões de brasileiros compareceram às urnas, declarando sua vontade quanto aos rumos do país, num exercício de cidadania impressionante, e de fazer inveja a muitas nações. Um país de dimensões continentais e de uma população espalhada por rincões, muitos deles improváveis, consegue aferir a vontade de cada brasileiro, numa ação célere e confiável, apesar de todas as desconfianças e senões que o processo sofre de tempos em tempos.

Ministra Rosa Weber, presidente do TSE
Findo o processo eleitoral, porém, alguns lamentáveis mas importantes destaques precisamos considerar, pois mesmo palavras ditas no calor do resultado, revelam tendências de comportamento, bem como as pretensões de quem está à frente de um grupo no jogo político.

Podemos começar pelas declarações do candidato derrotado Fernando Haddad do PT, onde alguns detalhes precisam ser pensados mais profundamente. E podemos começar pela frase que ganhou maior destaque em diversos meios de comunicação: “não tenham medo, nós estaremos aqui”. O que poderia soar positivo e extremamente alentador se saísse da boca de um pai a seus filhos receosos diante de um desafio qualquer, ambientado em um discurso pós-eleição e pós derrota, na verdade parece demonstrar a intenção de manter a população dividida num preocupante nós e eles. Essa máxima do pensamento separatista e desagregador, não consegue ser abandonado pelas falas da esquerda, nem mesmo depois da derrota. Segundo alguns repórteres presentes ao evento, houve militante dizendo que se manterão na resistência. Resistência?

Quem minimamente desconhecesse o enredo de todo o pleito, facilmente imaginaria que se tratava de um líder que falava de algum esconderijo, de onde mandava recado motivador a seus combatentes, vencidos em uma batalha sangrenta; não tenham medo, nós vamos contra-atacar. Será que isso é tudo o que sobrou pra fazer? Resistir e contra-atacar? Será que eles não têm muito o que fazer e a contribuir para melhorar o país, apesar das divergências de projeto nacional? Onde estão as ideias que acreditam ser interessantes se aplicadas no dia a dia da sociedade? Não podem trazer para uma mesa de negociação e planejamento? Só valem suas ideias, se impostas a partir do poder de se fazerem cumprir?

Como bem disseram alguns jornalistas após esse discurso do candidato derrotado, eles não aprenderam nada. Aliás, isso já havia sido dito em alto e bom som por Cid Gomes algumas semanas atrás. O PT não se repensa, não faz exame de consciência. Sua única atitude é rever o que deu errado em sua estratégia de guerra, pra logo retornar ao combate. Ele atua como um sindicato raivoso, e não como um partido responsável, onde figuras ilustres e diversos intelectuais já militaram politicamente. Ou seja, o discurso de Fernando Haddad meio que resumiu o motivo pelo qual o PT saiu das urnas derrotado; o flagrante desejo incondicional pelo poder, para seguir realizando tudo o que já conhecemos que fazem, e ainda haveremos de conhecer, pois os processos na justiça e as investigações da Policia Federal ainda têm muito a revelar à nação. Sim, porque sem revisão de seus feitos no poder e uma análise responsável de sua conduta como partido, o que teríamos numa eventual vitória de Haddad, seria nada mais, nada menos, do que mais do mesmo.

Em verde vitoria de Bolsonaro. Em vermelho Haddad
E isso fica ainda mais claro, quando lembramos de outro trecho de seu discurso, onde ele coloca como riscos institucionais corridos pelo país, o impeachment de Dilma e a prisão, segundo ele, injusta de Lula. Ora, Lula foi preso por ter sido condenado em segunda instância, exatamente como determina a lei, ironicamente sancionada por ele mesmo. E foi condenado porque a justiça em duas instâncias, entendeu que ele era culpado dos crimes pelos quais havia sido indiciado. Risco institucional teriam corrido o país, se a lei tivesse sido suplantada pelas manobras de sua defesa, ou mesmo se quedado em sua soberania, diante de parecer de uma comissão da ONU, que nenhum poder possui sobre qualquer ato interno de qualquer país que dela participa.

O pior disso tudo é ver o quanto desse comportamento desagregador se dissemina pela sociedade. As redes sociais reverberam isso, e vemos eleitores de Haddad reagindo raivosamente, declarando estarem de luto, alguns até dizendo agora vocês vão sofrer na pele, numa demonstração horrenda de torcida pelo pior, quando deveriam todos, a uma, e sem rancores, torcerem e trabalharem pela recuperação do país. Pois independente de quem está no comando, vivemos todos aqui, e aqui viverão nossas futuras gerações. Ou perpetuaremos a máxima das oposições irresponsáveis do quanto pior melhor? Ora, estamos todos de um mesmo lado. Somos todos de um mesmo time. Se o Brasil estiver mal, estaremos todos. Mas se estiver bem, estaremos todos, e isso é o que efetivamente interessa. Somos uma só nação.

De tudo, o mais importante, é que habemus presidente! Um presidente que iniciará seu mandato com a legitimidade das urnas e com a popularidade, no mínimo, do tamanho do contingente de votos que recebeu. Um presidente que, sustentado por essas mesmas urnas, terá a possibilidade de recolocar o país nos trilhos do desenvolvimento, e a responsabilidade de executar tudo aquilo que prometeu, e pelo voto de confiança que recebeu em expressiva votação.

Precisamos, todos os brasileiros, trabalhar com dedicação e boa vontade, para construirmos um país melhor, independente de quem está no poder. Os políticos passam, mas a nação fica. E que fiquemos cada vez melhor, em paz e em prosperidade. Para o bem de todos, hoje e sempre.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Mais do mesmo e ainda pior - Parte II



Por Jânsen Leiros Jr.


16 Quem se levantará a meu favor, contra os perversos? Quem estará comigo contra os que praticam a iniqüidade?
17 Se não fora o auxílio do SENHOR, já a minha alma estaria na região do silêncio.
18 Quando eu digo: resvala-me o pé, a tua benignidade, SENHOR, me sustém.
19 Nos muitos cuidados que dentro de mim se multiplicam, as tuas consolações me alegram a alma.
20 Pode, acaso, associar-se contigo o trono da iniqüidade, o qual forja o mal, tendo uma lei por pretexto?
21 Ajuntam-se contra a vida do justo e condenam o sangue inocente.
22 Mas o SENHOR é o meu baluarte e o meu Deus, o rochedo em que me abrigo.
23 Sobre eles faz recair a sua iniqüidade e pela malícia deles próprios os destruirá; o SENHOR, nosso Deus, os exterminará.
Salmos 94:-16-23


Na onda do nada novo ou nada que já não tenhamos visto, as pesquisas eleitorais seguem causando controvérsias e discussões, tanto entre analistas políticos, quanto entre eleitores e leigos. Um recurso que a principio visava apenas medir a intenção de voto do eleitor, para ajudar corporações a tomarem decisões importantes sobre seus negócios, as pesquisas eleitorais deixaram há muito suas pretensões originais, tornando-se mais uma maneira de tentar influenciar o voto das massas. Era pra ser assim como a previsão do tempo para o agronegócio, mas passou a ser um poderoso instrumento de sugestionamento do eleitor.

Essa distorção não é de hoje. Já há algumas eleições, as pesquisas vêm sendo utilizadas para tentar influenciar direta ou indiretamente o resultado das urnas. Nessas eleições, porém, esse tendencioso modelo de induzir a população ao que convém, tanto aos institutos quanto a quem as encomenda, vem tomando proporções tão impressionantemente contundentes, quanto risíveis, já que em grande parte dos casos a estratégia não deu certo, ou não deu ainda.

Venceram para o senado, Rodrigo Pacheco e Carlos Vianna
Quando do primeiro turno, na maioria dos estados, os principais institutos de pesquisa erraram assustadoramente os resultados das eleições, não só nos números percentuais de votos, mas também nos candidatos apontados como vencedores ou participantes de eventual segundo turno. Como casos mais emblemáticos tivemos a votação para senador em Minas Gerais, para governador no Rio de Janeiro, e a própria votação para presidente da república, onde o percentual atingido pelo candidato Jair Bolsonaro chegou perto de leva-lo a vencer no primeiro turno, muito diferente do que indicavam os resultados das pesquisas amplamente divulgadas antes do pleito.

 Alguns analistas políticos ouvidos ao longo da apuração, questionados quanto aos aparentes equívocos dos institutos, gentil e elegantemente sugeriram que tais institutos precisariam rever suas formulas de pesquisa, melhorando seus questionários, ou mesmo ajustando as amostras, tornando-as mais adequadas ao perfil geral do eleitorado brasileiro ou regional. Eles foram comedidos em suas análises, claro, poupando a reputação dos institutos, tanto quanto mantendo seus trânsitos e possibilidades de trabalho com tais instituições.

Passaram para 2o. turno Witzel e Paes, nessa ordem
Nós, que meros eleitores, e livres das peias que nos poderiam prender a interesses outros, podemos aprofundar o problema, perguntando algumas coisas ao próprio processo. É possível que institutos tão renomados, acostumados a apurar intenção de votos há tanto tempo, equivocarem-se em quase todos os estados do país? Seria possível que suas amostras fossem tão mau equilibradas, que destoasse do perfil real do eleitorado em tantas unidades da federação? Teriam tais instituições desaprendido a realizarem suas atividades fim? Sinceramente, e pro bem do futuro de tais empresas, não creio. Aliás, poucos creem nessa versão. Mas então o que houve?

Ora, houve apenas a velha tentativa de direcionar a predileção do eleitorado, para os resultados desejados por parte das instituições que encomendou as pesquisas. Seus interesses velados, se bem que nessa eleição estão flagrantemente declarados, determinaram os resultados das pesquisas, esperando que aqueles que votam sem pensar, ou que gostam de praticar o chamado voto útil, sigam a caravana de eleitores apontada pela pesquisa. Sim, precisamos crer na tentativa de manipulação das massas, porque do contrário precisaríamos acreditar na incompetência de dezenas de milhares pesquisadores, que realizam tão difícil tarefa por todo o país. Além deles, também seriam não menos incompetentes os seus gestores e planejadores.

O que é mais honesto então, crer na conveniência de quem no topo da cadeia quer atender às suas conveniências, ou na incompetência de tantos trabalhadores que prestam serviço nesses institutos? A resposta me parece bastante óbvia. Assim temos que, sem precedentes, ou como diria outro conhecido político, nunca antes na história desse país, houve tão grande manobra para forçar as pesquisas a darem resultados comprados, ou minimamente viciados e manipulados.

O mais assustador disso tudo, é que não obstante a estratégia não ter dado certo no primeiro turno, ela está sendo repetida ainda mais flagrantemente, considerando, ou querendo parecer ser considerado pelo eleitorado, que as notícias divulgadas com vistas a manchar a reputação do candidato que está à frente, está conseguindo tirar dele uma expressiva margem de votos.

O que essa gente não considera, ou não entende, ou está pouco se lixando, é que existem outros tantos institutos, cujas pesquisas não são divulgadas em cadeia nacional, que apresentam diferente resultados na intenção de votos, bem como fornecem importante comparativo das predileções demonstrada entre os eleitores. Mais que isso, eles não entendem que o candidato Bolsonaro não está sendo preferido por ser o Jair, por seus atributos políticos e competências de eventual estadista. Ele, Jair, é muito mais do que simplesmente Bolsonaro.

O fenômeno que fez o candidato do PSL disparar na predileção do eleitorado, é a capacidade, ou característica inata, de dizer abertamente e em público, tudo o que o eleitor sempre quis dizer. Sua imunidade parlamentar, talvez, deu-lhe a condição de se posicionar clara e abertamente sobre uma multidão de assuntos que o brasileiro médio gostaria de falar e não pode. Pelo menos não com a projeção e o poder de reverberação que um deputado federal tem. Jair é mais que Bolsonaro. Ele é o próprio eleitor que se enxerga nele, e se apropria de sua possibilidade de fazer o que diz pretender fazer quando e se eleito. Ora, isso tem bastado à maioria dos eleitores. E por que?

Quando o PT chegou ao poder depois de anos batendo na trave, quando um operário sem formação subiu a rampa do Planalto, ele emblemava uma nação de trabalhadores que criam que ele, por ser do partido dos trabalhadores, entendia suas angustias, e poderia fazer desse país uma nação mais justa e com oportunidades e possibilidades para todos. Com o PT, chegava ao poder o sonho da igualdade e da justiça social. Com o tempo, porém, o que se constituiu como realidade, foi um aparelhamento monstruoso do estado e de suas repartições nos mais diversos escalões, instaurando uma rede de corrupção e de sangria do erário público, jamais visto em um país em todo o mundo. Por treze anos, eles sangraram os cofres da nação, com vistas a se eternizarem no poder. E nesse afã, arrancaram leitos e remédios dos hospitais públicos, sucatearam as polícias, precarizaram as universidades públicas, federais e estaduais, reduziram a merenda escolar, além de causarem prejuízos incalculáveis em empresas como Petrobras e em diversos fundos de pensão de outras tantas empresas estatais.

Manifestação #elesim no Rio de Janeiro em 25/10/2018
Pode até ser que para muitos o Jair seja o candidato dos sonhos. Mas para a grande e esmagadora maioria, Bolsonaro é o candidato que não só pode derrotar o PT, como tem a coragem para enfrentar as instituições, que aprenderam a comodamente dependerem das benesses e negociatas tramadas pelos líderes de um partido completamente descaracterizado.

Por essa razão, pouco importa para o eleitor que decidiu votar em Bolsonaro, o que falam do Jair. Menos ainda interessam as declarações de seus filhos ou do seu candidato a vice. Eles não temem uma eventual ditadura, eles não se importam se ele é machista, ou mesmo se tem características ou falas homofóbicas. O que eles querem é varrer do poder e de suas instâncias, a corrupção que grassou o país, e nos lançou na mais profunda e duradoura crise econômica, política e institucional.

Mas pode ser que tudo isso já seja mais do que sabido das lideranças partidárias que apoiam Haddad. E pode ser ainda que toda essa ação, tanto a de criar fatos negativos atribuídos a Bolsonaro, quanto a de apresentar pesquisas que indiquem que esses mesmos fatos estejam lhe tirando votos, não passe de cenário para justificar uma eventual e fabricada virada de resultados, quando da abertura das urnas. Sim, e por mais que eu deteste crer em teorias conspiratórias, isso não pode ser descartado. Não tanto por conta de fantasiosa imaginação, mas principalmente pelo quadro que se tenta pintar para o eleitorado às vésperas da votação; ambiente ideal para intentarem uma fraude.

Apesar de tudo isso, nós, que cremos na soberania de Deus e de sua vontade, pois não se deixa frustrar, sabemos que, sendo de Sua vontade a eleição de Bolsonaro, nada ou qualquer ardil lhe tirará tal vitória. Mas se não for de Sua vontade que Bolsonaro seja o presidente do Brasil, nada que façam seus eleitores ou coordenadores de campanha, poderá fazê-lo vencer. De modo que todo esse texto para nada serve, senão apenas para analisarmos o cenário político que embala, esse que talvez seja o mais conturbado processo sucessório de nossa história.

Portanto podemos manter a consciência crítica e coloca-la a disposição da história. Podemos descansar e aguardar a apuração. Independente do resultado, nosso papel de cristão e cidadão responsável não mudará. Orar por nossos governantes, sejam eles quais forem. Pedir a paz sobre nossa nação, e aguardar a manifestação da glória do nosso Deus.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Mais do mesmo e ainda pior


Por Jânsen Leiros Jr.


25 Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.
Mateus 12:-25


Costumo ser avesso a posicionamentos acalorados e efusivos, pois entendo que na maioria das vezes, quem assim se coloca, corre o risco de deixar de fora algo que não percebeu sobre o assunto. E por isso tentarei ser minimamente emocional, ainda que contundente, para que não ultrapasse o limite do imparcial, mesmo que de imparcial pouco ou quase nada tenham minhas motivações; milito flagrantemente em favor do Brasil.

A campanha de segundo turno para eleição de presidente da república está repetitiva e reveladora. Repetitiva no baixo nível de ataques de parte a parte, e na incapacidade de se apresentar propostas exequíveis e projetos de país, que deixem o conforto de seus programas de governo quase escondidos em sites pouco acessados, e ganhem as ruas e o interesse da população, demonstrando claramente onde querem chegar, e como e a que preço. Em vez disso, repetem a velha máxima de dizerem o que o povo gosta de ouvir, polarizando a campanha e dividindo o eleitorado entre eles e nós. Tudo bem que nessas características ambos os lados tenham suas proeminências, mas tal perfil de campanha cola igualmente em ambas as campanhas.

Ora, o que há de novo então? Quase nada, mas de revelador, muita coisa. E podemos começar pela maneira declarada como a mídia quase que em sua totalidade, decidiu-se por um dos lados, direcionando seu jornalismo a apurações viciadas e a noticiários tendenciosos. E mais, à medida que nos aproximamos do pleito, intensifica-se a farta distribuição de frases e atos, vistos e ouvidos convenientemente, de modo a influenciar direta ou indiretamente nos resultados das urnas.

Ora, não há aqui qualquer inocência quanto a inevitável postura assumida em favor desse ou aquele candidato, que qualquer meio de comunicação acaba por declarar nas entrelinhas. Mas ser tão explicitamente contra um dos lados, e praticamente tentar decidir o pleito goela abaixo da população, é completamente incomum e revelador da imensa preocupação com a eventual vitória do candidato a quem não escolheram. O extremo empenho em desconstruir a imagem de um em favor do outro, já passou dos limites aceitáveis da predileção, e avança pelos descaminhos da tentativa imprópria de induzir e influenciar a benefício próprio, o livre direito de escolha da população. Inevitavelmente vem à mente um simples questionamento: o que pretendem ou o que temem?

E se de um lado temos a imprensa formal  trabalhando conforme suas conveniências, do outro temos uma incômoda e frenética produção de notícias falsas entupindo as redes socias, causando alarmismo desenfreado, em quem tem boa fé e entende que uma escolha democrática, passa pela lisura do processo, e que temem ter esse processo corrompido, a despeito da escolha legítima da maioria. Fraudes, factoides e ameaças à integridade dos candidatos, entram e saem de nossos celulares e computadores, numa enxurrada de versões e acusações mútuas, que revela uma insuportável tentativa de manipular as massas. Seja pela mídia convencional, seja pelas redes sociais, há um sôfrego movimento que tenta roubar eleitores no limite de suas escolhas.

Jovem é indiciada por falsa comunicação de crime
 Nesse mar de lama e baixaria, urnas são encontradas com votos supostamente pré imputados, frases despretensiosas são comentadas como declarações de intenção, minorias são incitadas a reações desproporcionais, e esquemas e estratégias teatrais são descobertos por meios suspeitos, e divulgados por gente sempre muito confiável. Isso sem falar em torturados equivocados e entrevistas bombas que desmontariam uma ou outra candidatura. Uma verdadeira guerra de desinformação e desconstrução do adversário.

De tudo isso, porém, há algo que me entristece e preocupa crescentemente. É flagrante o crescimento da intolerância e do desejo de poder sobre o outro, tanto na imposição das ideias, quanto da uniformidade de opiniões. É claro que qualquer um tem o direito de não querer me ouvir, ou mesmo de não querer ler o que eu escrevo. E é simples exercer esse direito. Basta não me dar ouvidos, basta não querer nem mesmo ver esse meu texto. Nesse ato há direitos garantidos; o meu de falar, e o do outro de não me ouvir. O meu de escrever e do outro de sequer querer ler. Simples assim. Mas o que estamos assistindo de forma crescente e galopante, e que não deverá recuar nem mesmo com o fim das eleições, é o impulso incontrolável que se declara vívido em muitos, de querer me calar a voz, arrancar da mão a caneta, e de obrigar o semelhante a ouvir e a ler o que o outro pretende.

Urnas fraudadas teriam sido encontradas
já com votos computados em favor de um dos candidatos
Para ficar mais familiar o que digo, nunca antes na história desse país, democracia foi uma palavra tão abertamente repetida, mas tão pouco efetivamente defendida. Porque a condição preponderante da democracia é o direito à expressão, a liberdade de pensar diferente, e a possibilidade de opinar sobre qualquer coisa. E isso não vem mais acontecendo em nossa sociedade. Se alguém ousar desses direitos fazer uso, é tolhido, cerceado, alijado, ou ainda sofre bullying. É quase sempre interpretado à luz de vieses ideológicos viciados, e é rotulado com palavras que visam agredir, e que trazem em seu conceito, muito mais do que se pretende dizer. Ou é falta de vocabulário dos agressores, ou crueldade semântica de verdade. Ou seriam as duas coisas?

De qualquer maneira, e seja por qual motivo for, estamos experimentando um verdadeiro racha da sociedade brasileira. E esse racha se estende a amizades e laços familiares, onde integrantes se agridem e se detestam por conta de suas predileções políticas. Mesmo em comunidades religiosas assistimos o velho e visceral exercício do desejo de se sobrepujar ao outro, de se impor ideias e modelos particulares de se ver o mundo. Quais as chances de sairmos melhores de um momento como esse? Quais as possibilidades de construirmos um país melhor, se a hipótese de descartarmos pessoas contrárias é admissível, diante do triunfo de nossas predileções políticas? Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto.

Até quando nos permitiremos ser o que querem que sejamos? Até quando iremos credulamente crer no que querem que creiamos? Até quando beijaremos a mão dos coronéis? Até quando expressaremos a vontade de terceiros, ou lutaremos por ideais que nos impõem? Que tenhamos sempre consciência crítica sobre o que nos oferecem de informação, e fortaleçamos o sentimento de que estamos todos no mesmo time. Somos uma nação, somos todos brasileiros.