sábado, 31 de dezembro de 2016

Enfim, o fim. E já não vai tarde?


Por Jânsen Leiros Jr.

O ano de 2016 chega ao fim, e com ele a sensação de que tivemos, quase todos, um ano ruim. Tantos fatos e casos envolvendo tragédias, corrupção e violência se acumularam de um jeito tão inusitado, que imprimiu em todos nós, a triste e amarga sensação de termos passado por um ano horrível. Pior, para muitos, o ano de 2016 entra para a história como um dos anos mais difíceis das últimas décadas. Para alguns ainda mais pessimistas, 2016 foi um ano perdido. Um ano a ser esquecido.

Mas não é verdade. Pelo menos não absoluta. Assim como em todos os anos, alternamos entre dias bons e ruins, tendo como referência nossas próprias e muito particulares expectativas. E na prática, muito do que é bom para uns, pode ser ruim para tantos outros. Um bom exemplo é o trabalho do Ministério Público Federal, que vem agradando a muitos e desagradando a outros tantos. E houve ainda os que consideraram o trabalho do MPE e da Polícia Federal impecável por todo o transcorrer da operação Lava-Jato, por exemplo, até o momento em que, ainda que de leve, as baterias lhes tenham sido apontadas. Podemos concluir assim, que bom ou ruim, tivemos um ano conforme conveniências e expectativas.

Fugindo, porém, do viés sócio econômico do Brasil e das dificuldades em que se encontra a maioria de sua população, podemos considerar como um excelente resultado desse ano, o aprofundamento da operação Lava-Jato, e as inusitadas prisões de políticos, empresários e até de governadores. Não por suas prisões em si, obviamente, mas pelo que elas representam como avanço do poder público e da justiça, na direção do extermínio da corrupção, seja pegando corruptores, seja pegando corrompidos.

E para nós cristãos, que durante o início do aprofundamento da crise econômica, brincávamos que a crise não nos atingiria, ou como alguns chegaram mesmo a dizer, somos blindados. Não, não somos blindados. Porque a chuva cai sobre justos e injustos e todos nós, brasileiros, independente da religião que professa, tem sofrido em maior ou em menor grau com tudo o que temos passado nesse país. Ou não temos milhares de irmãos entre os funcionários públicos do estado do Rio de Janeiro, sem receber seus salários e benefícios?

De sorte que, estejamos nós onde quer que estejamos, e em qualquer que sejam as condições em que estivermos, o que sabemos e experimentamos, é o cuidado e a bondade do Senhor para com os que n’Ele confiam. Com aqueles que se devotam àquele que sempre vem em nosso socorro, pois não dorme e nem pestaneja. Sim, porque no mundo terei aflições, mas podemos todas as coisas naquele que nos fortalece. Eu venci o mundo, nos afirma Jesus, de modo que nada nos separará do amor de Deus. Vivemos conforme a soberana, boa, santa e agradável vontade de Deus se realizando em nossas vidas.

Portanto, é dando glória a Deus por mais um ano vivido, que nos renovamos para mais um ciclo de dias e meses, que provavelmente irão se alternar em momentos bons e ruins, outra vez conforme nossas expectativas e também conforme nossas realizações.

O mais importante em cada renovação de esperança, é ter a certeza de que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, e que chamados conforme o seu propósito, vivem e avançam até a vitória. O Senhor completará cabalmente sua obra em nós.

O Senhor abençoe seus corações e mentes, produzindo em todos a sabedoria que conduz à paz, e a entrega em confiança, que nos dá descanso para alma. 

Um forte abraço a todos, e um FELIZ 2017!!

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Podemos ser melhores. Ou não?



Sonhar é bom, mas viver a realidade é preciso!

Para quem gosta de esportes os meses de agosto e setembro de 2016 ficaram na memória, afinal, tivemos dois grandes eventos: as Olimpíadas e Paraolimpíadas do Rio de Janeiro.

Nesse período de integração mundial na Cidade Maravilhosa, discutiu-se muito sobre qual o legado que os jogos deixariam para o Brasil. Muitas opiniões extremas tomaram conta do discurso dos brasileiros, uns mais sisudos, pessimistas e até apocalípticos, enxergavam o evento como malefício ao povo, enquanto outros, mais exaltados e otimistas, acreditavam que as Olimpíadas eram o fim de nossos problemas.

E é neste momento que faço minha reflexão.

Diante de todas as manifestações que vi acontecerem e li nos veículos de mídias, de ambos eventos esportivos, a que mais me saltou aos olhos a criatividade do brasileiro em fazer muito com pouco. Você deve estar pensando: "Isso eu já sabia! Não é novidade!", mas, quando fazemos uma análise mais profunda e entendemos o tamanho do investimento em esporte olímpico de cada país concorrente, começamos a clarear esse pensamento.

Enquanto as potencias EUA e China, por exemplo, despejam caminhões de dólares em seus programas Olímpicos e Paraolímpicos, nós, brasileiros, como sempre, nos limitamos à esperar um milagre. Acontece, que milagres, às vezes, brotam em figuras como Arthur Zanetti, as meninas do Iatismo, o fenômeno Daniel Dias, Teresinha e tantos outros nomes de atletas Olímpicos e Paraolímpicos, aos quais gostaria de me referir nominalmente, é possível entender esse conceito de que, com pouco, fazemos muito.

Quando o assunto é a abertura e o encerramento dos dois eventos, tivemos momentos sensacionais que encatarram o mundo, nos fazendo orgulhosos de ser brasileiro, mesmo que momentaneamente. Nosso povo se emocionou com nosso hino e chorou com a superação dos nossos atletas.

Mas e quanto ao hoje? Quando acordamos desse sonho Olímpico e Paraolímpico e voltamos para nossa realidade, nos perguntamos se nós, enquanto nação, conseguimos fazer muito com pouco, em todas as esferas. Por que nossos governos não conseguem? Porque nossos políticos insistem em achar que são impunes? Porque nossos prefeitos, governadores - que se julgam tão inteligentes - não pegam o exemplo desses esportistas, nossos verdadeiros HERÓIS NACIONAIS, e não passam a fazer mais com menos?

Agora é nossa hora de nos manifestarmos por um Brasil cada vez melhor, DE todos e PARA todos, independente de raça, condição sexual, com ou sem deficiência, religião etc.

Faça sua parte e poderemos sonhar e acordar com um Brasil cada vez melhor!

Por Danilo Al Makul


Por Jânsen Leiros Jr.

Excelente reflexão de meu amigo e colega de trabalho Danilo Makul. Principalmente se a observarmos pela ótica da revelação que fizemos a nós mesmos como nação, durante todo o período da Rio 2016; fomos capazes. E se podemos resumir todo esse período em uma só palavra, creio que superação encerraria bem a essência de tudo o que nos aconteceu, diante dos olhares atentos e impressionados de todo o mundo. Somos capazes! O brasileiro sabe fazer.

O problema está exatamente em extrair tal capacidade do mundo dos sonhos da emoção e espírito olímpicos, e transformá-la em potencial realizador no mundo real e cotidiano que precisamos viver. Não foram poucos os amigos e conhecidos que demonstraram apreensão com o fim dos jogos. A vida real vai voltar, ou não quero nem ver quando esse povo todo voltar para seus países e ficarmos só nós aqui. Por que precisamos viver a euforia do sonho e o medo da realidade? Não fomos capazes? O que no sonho deu certo que na realidade não consegue dar? Será que nos fizemos melhores do que somos apenas durante os jogos? Vivemos esses dias apenas para inglês ver? No fundo sabemos que empurramos muita sujeira social para debaixo do tapete.

Mesmo sabendo que grande parte do sucesso devemos às manobras marketing político, que garantiram dias razoavelmente tranquilos e funcionalidades urbanas aceitáveis, ainda assim descobrimos uma capacidade de mudar a realidade para melhor. Porque mesmo quem arruma a casa jogando a sujeira para debaixo do tapete, demonstra saber como a casa precisa ficar quando realmente arrumada. Então sabemos o que queremos ser como sociedade, e descobrimos que podemos ser. Mas dependemos apenas de nossas escolhas. Sim, de nossas escolhas.

Quanto aos políticos e governantes citados, tão oportuna e legitimamente cobrados, eles são apenas um substrato de nossa sociedade. Não temos uma nação inteira descolada da classe política. Os políticos e governantes não são alienígenas ocupando cargos que lhes confiamos. Nem tampouco são estrangeiros. São brasileiros. Gente oriunda de nossa sociedade. Pessoas crescidas e educadas com nossos valores sociais nacionais. Eles são apenas o que somos; potencializados pelo poder e a oportunidade.

Se nos descobrimos capazes de fazer diferente, e se isso surpreendeu até mesmo os mais otimistas de plantão, também somos e seremos capazes de construir uma nação em que levar vantagens escusas, não é nada do que se possa orgulhar. Que cumprir as leis e ser correto nas relações pessoais, comerciais e profissionais não é coisa de otários e zé manés, mas sim de cidadãos que honradamente vivem de maneira proba e feliz. Que aproveitar-se do crime alheio é tão criminoso quanto o próprio ato, pois conivência também se caracteriza pela conveniência e pelo oportunismo. 

Sim, fomos e somos capazes. E se um legado pode ser extraído desse chamado espírito olímpico, que nos embebeu nos últimos dias, é o da capacidade de se reinventar como nação, como povo, como sociedade de valores diferenciados, para alcançarmos resultados diferentes. Porque o que vivemos hoje, na crueza de nossa realidade cotidiana, não nos fará ganhar medalha alguma.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Faltou falar-lhes; falha nossa


Por Jânsen Leiros Jr.


Alguém que está morrendo ou indo embora de vez... não desperdiça a despedida com assuntos triviais... e as palavras daquele que se vai expressam o que está mais forte no seu coração; o que tem mais significado é mais importante para ele.
Extraido do livro Ide e fazei discípulos – Abe Huber e Ivanildo Gomes – MDA Publicações.



Remindo o tempo; porquanto os dias são maus.
Efésios 5:16



2 Perseverai em oração, velando nela com ação de graças; 3 Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso; 4 Para que o manifeste, como me convém falar. 5 Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo. 6 A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.
Colossenses 4:2-6


A manhã dessa segunda-feira foi de espanto e comoção. Fomos despertados com a terrível notícia de que uma família inteira, casal e dois filhos, morreram em um cenário de horrenda tragédia. Segundo análise preliminar da polícia e publicado no site do G1 logo pela manhã[1], o pai teria consumado as mortes, inclusive a sua, tornando ainda mais dramática, a cena que podia ser vista pelos vizinhos do condomínio onde moravam.

Uma carta supostamente deixada pelo pai das crianças, parece apontar para as razões que levaram aquele lar a um desfecho tão aterrorizante; o desespero de um pai de família diante de um possível revés profissional, com consequências imponderáveis. A perda do padrão de vida, e o eventual fracasso em contraste com o que acreditava ser sucesso, deve ter levado esse pai de família a temer pelo futuro dele e dos seus. E diante do pânico parece só ter encontrado uma solução. A morte de todos.

As razões podem ser outras e logo a polícia desvendará as causas reais da tragédia. Mas tais razões nem mesmo nos interessarão muito aqui nesse texto. Porque ainda que não possamos desmerecer os fatos, e nem mesmo banalizar tais perdas, o que nos deixou incrivelmente tocados, foi o quanto pode haver de pessoas ao nosso redor, desesperadas e sem quaisquer perspectivas, diante das circunstâncias sócio econômicas que atravessa nosso país.

Lembro de ter lido há alguns anos, que nos EUA, na profunda crise que atravessou aquele país na década de vinte, muitos foram os suicídios de empresários e homens de negócio, que acreditavam ter chegado ao mais fundo do poço em que se viam mergulhados, sem divisar qualquer possibilidade de volta. Diante de tal desespero davam cabo da própria vida.

Pensem. O que temos de comum nesses dois casos? A desesperança. A falta de um conforto trazido pelo descanso de se viver firmado numa Rocha que não pode ser abalada. Faltou a convicção dos que caminham certos do que lhes espera logo ali, os quais andam por fé e não por vista. Faltou falar-lhes de Cristo. Que falha!

Ora, ...naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo[2]. Paulo faz uma ligação direta entre a esperança e Deus. Ou seja, ele entende que sem Deus não há esperança. Logo, podemos concluir que a falta de esperança obviamente decorre de uma vida sem Deus, sem exercício de fé, sem entrega, e que, portanto, é uma vida que não desfruta do descanso e da confiança no cuidado e na providência divina.

Entre os diversos comentários que li sobre o caso ao longo do dia, li estupefato alguns posts de quem friamente partilhava suas crueldades religiosas com frases como viu o que dá não viver pra Jesus? Ou ainda, esse é o fim dos que não acreditam em Deus. Esse tipo de religioso crê que tamanho farisaísmo o livra da responsabilidade ou do sangue dessa gente[3]. Pois não foi sem razão que Paulo diz na Carta aos Romanos como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?[4] E eu pergunto, onde estão os que não pregam?

O mundo agoniza. Os dias são maus diz Paulo em Efésios. O mundo jaz no maligno[5], e nós, o que fazemos? É preciso remir o tempo. Viver com sentido de urgência. Pregar com sentido de urgência, como se vivêssemos os últimos dias. A igreja primitiva fazia assim pois aguardava a volta de Jesus para imediatamente já. Mas nós o aguardamos para depois da morte, e para depois de conquistarmos tudo com o que sonhamos. Queremos a volta de Jesus, desde que isso não atrapalhe nossos planos.

Precisamos remir o tempo. Pregar a palavra a tempo e fora de tempo, redarguindo, repreendendo, exortando, com toda a longanimidade e doutrina[6]. Ide por todo mundo. Ide até os confins da terra, mas ide também no vizinho, no colega de trabalho. Ide no porteiro do prédio e no motorista do ônibus. Ide por todo o mundo, ide em todo mundo.

Se as nações estão em trevas, onde está a luz? Se perderam o sabor, quem lhes pode salgar[7]? Ou vivemos um evangelho de verdade, com pregação e testemunho contundente e constante, ou a desesperança grassará por muitas outras famílias, matará muitos outros corações, e continuará nos deixando com a desconfortável sensação de que poderíamos ter evitado a tragédia, caso seguíssemos com empenho e dedicação, a carreira que nos está proposta[8].


[1] "O que se sabe é que a mulher da vítima estava com cortes no pescoço, morta na cama. Os dois filhos e o homem estavam caídos no vão da piscina. As informações iniciais obtidas no local do crime apontam uma suspeita inicial de que ele teria matado a mulher com golpes de faca, jogado as duas crianças e depois se jogado. Mas não descartamos outras linhas", explicou o delegado.
[2] Efésios 2:12
[3] Ezequiel 3:17-20
[4] Romanos 10:14
[5] 1 João 5:19
[6] 2 Timóteo 4:2
[7] Mateus 5:13
[8] Hebreus 12:1

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Corpos deficientes e corações perfeitos; a fé que se vê


Por Jânsen Leiros Jr.


"O que transforma uma pessoa comum em herói é a superação; física ou espiritual. Herói sobre si mesmo para alegria de muitos."
JLjr


Passada a euforia de recebermos em nossa cidade os principais e mais laureados atletas do mundo, aguardamos o início das Paralimpíadas, evento esportivo que reúne outros tantos atletas, também de diversos países, que competem em inúmeras categorias adaptadas para suas variadas deficiências.

Confesso que, em princípio, não imaginava que tal evento pudesse ganhar tanto brilho e público quanto ganharam as Olimpíadas. Afinal disputar audiência e público com Michael Phelps, Usain Bolt e Simone Biles, entre outros, não é tarefa fácil para ninguém. Mas começo a perceber, feliz da vida, que posso estar redondamente enganado. Num país em que seu povo se orgulha de não desistir nunca, a superação é sem sombra de dúvida a mais alegre e motivadora conquista. Ela nos diz diariamente que é possível.

Independentemente dos resultados que cada atleta conquistar na categoria em que disputa, sua participação já é, por si só, uma imensa demonstração de garra e determinação. É a vitória sobre a auto piedade e sobre o sentimento de incapacidade de dar a volta por cima e vivenciar novas possibilidades. É a declaração clara de que não se aceitou ser vencido pelas circunstâncias.

Ora, esses seres humanos, que bem poderiam ser chamados de super-humanos, nos lançam em rosto que nossas fragilidades e coitadices não passam de afetações menores e plenamente superáveis, uma vez que não deficientes fisicamente, poderíamos nos empenhar em cuidar de nossas realidades e circunstâncias, como realmente são em sua maioria; finitas e solucionáveis, e não perenes e insolúveis.

Devemos assistirmos a essas exibições de superação do aparentemente impossível, como a realização plena de uma fé prática; o exercício extremo da convicção de que é possível ainda que improvável. Afinal, estamos acostumados a vivenciar o cuidado de Deus que transforma o caos em ordem. 

Que esses superatletas nos falem com seus feitos, e que suas mensagens nos inspirem em confiança e coragem, com louvor e adoração a Deus.

sábado, 20 de agosto de 2016

Enfim o fim da espera


Por Jânsen Leiros Jr.


Brilhou o ouro! Nos pênaltis, Brasil vence Alemanha e conquista medalha inédita. Após empate em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, seleção olímpica conta com defesa de Weverton e 100% de aproveitamento nas cobranças para vencer.
G1 – 20/08/2016.


Enfim o tão sonhado e esperado Ouro Olímpico no Futebol. O título que faltava à seleção do país do futebol. Um contrassenso que insistia em nos fazer sentir fracassados no esporte em que somos os maiores campeões mundiais. Ou será que esse sentimento é que era uma enorme incoerência, já que um único título a menos numa parede repleta de conquistas, não deveria nos fazer tanta falta assim. Ou deveria? Não importa também; somos campeões olímpicos e o mundo vai ter que nos aturar. Continuamos a ser o país do futebol, mas também sendo o da Canoagem, da Vela, do Box, do Tiro, do Vôlei de Praia e Vôlei de Quadra, e de tantos outros esportes em que brilhamos, ainda que sem apoio, patrocínio ou atenção de qualquer instituição.

Mas a Rio 2016 não trouxe somente essas conquistas, quer sejam douradas, prateadas ou bronzeadas. Há outras conquistas e grandes feitos, que ficarão como legado desses Jogos Olímpicos, e não estamos falando de ginásios, estádios e das obras e soluções de transporte público realizadas para essa finalidade. A apenas um dia do encerramento do maior evento esportivo do planeta, o maior legado deixado para a cidade do Rio e para o Brasil, foi a recuperação da autoestima de um povo que, até bem pouco tempo, envergonhava-se das condições sócio econômicas e políticas que vinha vivendo.

Uai, mas alguma coisa mudou? Houve inclusão social, melhoria da qualidade de vida dos mais necessitados, aumento da oferta de empregos, aumento do PIB nacional, ou redução dos casos de políticos corruptos e empresários corruptores? Não, claro que não. Nossas condições sociais, econômicas e políticas não mudaram nesses quase dezoito dias de evento. Mas uma coisa mudou e mudou flagrantemente. Recuperamos o orgulho de ser carioca, e o prazer de ser brasileiro.

Em virtude de tudo que vínhamos vivenciando nos meses que antecederam aos Jogos, o próprio evento foi cercado de pessimismo incontestável. Todos nós críamos que passaríamos uma vergonha mundial, com problemas que ocorreriam desde a organização do evento, até o péssimo estado de acabamento das instalações disponíveis aos atletas e comissões técnicas. E a poucos dias da abertura, já com na chegada das delegações, incidentes como o ocorrido com a delegação da Austrália serviu-nos de prenúncio de um grande fracasso do evento. Para quase todos nós, anunciava-se um grande fiasco.

Bastou, porém, que a cerimônia de abertura fosse considerada um sucesso pela mídia mundo afora, para todos os maus presságios fossem abandonados, sendo trocados por um orgulhoso sentimento de que sabemos fazer festa como ninguém. E não é mesmo que a cerimônia de abertura foi um espetáculo de criatividade e realização? A partir de então, a má vontade com o evento foi trocada por uma simpatia incansável com tudo que se referia ou se sofria em função da Rio 2016. Sim, porque nós cariocas, que tivemos a cidade virada de cabeça para baixo, causando-nos diversos transtornos em nossa rotina, aturamos quase tudo com bom humor e paciência. Afinal, estávamos com visitas em casa. Segurança reforçada, e um excelente sincronismo apresentado pelo comitê responsável pela realização dos jogos, minimizaram o desconforto ao nível do aceitável. E, quase no final, podemos dizer que tudo acabou bem. Muito bem!

E aí está o que entendo ser um dos nossos maiores legados do evento; agora sabemos que sabemos fazer. E não estamos falando de festas ou cerimônias. Estamos falando de tudo o que envolveu a realização dos Jogos. Brasileiro quando quer faz, está mais que provado. Quando quer se esforça e luta. Se perde, perde lutando. Se se empenha, vence. E por mais improvável que seja, pode chegar ao lugar mais alto do pódium. Nosso quadro de medalhas está repleto de exemplos disso; empenho, determinação e superação.

Mas não falo só de medalhas. A segurança pública nesses dias não foi exemplar? O cuidado do cidadão em manter a cidade limpa, de ser atencioso com turistas, de respeitar faixas exclusivas... Não correu tudo bem? E por que então não funcionam assim fora do evento, uma vez que o mesmo povo que realizou e vivenciou os dezoito dias dos Jogos, é o mesmo que vive os 365 dias do ano, numa cidade caótica e insegura? Nós sabemos fazer; quando queremos. Nossa autoestima esteve tão em alta, que sequer aceitamos a mentira mal contada pelo nadador norte-americano sobre assalto; aqui não! Mais do que rechaçarmos a mentira sobre um fato, não aceitamos ser vítimas de nossa própria fama de cidade perigosa. Afinal, de certa forma sabíamos que não seria possível tal acontecimento. Não durante as Olimpíadas do Rio.

E não bastasse acender a chama de nosso orgulho carioca e também brasileiro, com o fogo da pira olímpica, mais essa agora; campeões olímpicos no futebol, o título que nos faltava, coroando nosso esforço de realizadores dessa festa esportiva monumental. Coroando e apontando para nossa capacidade de fazer, desde que queiramos. Talvez nos faltasse isso, querer. Querer requer fazer. Tirar do papel, dar vida ao sonho. Querer requer empenho em tornar real aquilo que se pretende. Quisemos, e se quisemos podemos querer outras inúmeras vezes. Bastará querermos.

Acredito que a partir de agora, precisaremos discordar com veemência toda vez que frases derrotistas forem pronunciadas perto de nós, como aqui é Brasil, esse pais não tem jeito, tudo no Brasil acaba em samba (ou em pizza), entre outras, sempre passando a ideia de que nosso país não tem jeito. Porque vimos que tem. Vimos que sabemos e conhecemos o caminho. Sabemos como. O que nos falta como nação é vontade. Vontade de fazer diferente, vontade de fazer melhor, empenho para realizar além. Parece que tínhamos medo do sucesso. Mas agora não mais. Realizamos um evento extremamente bem-sucedido.

Não espero que a mudança de atitude venha dos políticos. Eles jamais mudarão o que lhes convém. Não espero tão pouco de governantes. Estão preocupados demais com privilégios e vantagens que lhes garantam perenidade no controle do dinheiro público. Mas espero que a mudança comece em cada cidadão, em cada profissional e em cada empresário. A sociedade precisará questionar-se sobre o por que não é o que fomos por esse tempo. Podemos ter melhores transporte, melhores condições de saúde. Podemos viver com mais segurança e termos uma cidade mais agradável. Sabemos e podemos lutar por essas coisas. Sobretudo sabemos como realizar coisas assim tão grandiosas. 

Não precisamos mais achar que nadamos, nadamos e morremos na praia. Não precisamos mais achar que determinadas conquistas não foram feitas para nós. Somos Ouro, somos olímpicos. Soubemos fazer direito. Não precisamos mais ser o patinho feio. Saberemos ser campeões. Que Deus abençoe nossa cidade do Rio de Janeiro. Que Deus abençoe o Brasil.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Série Grãos de Mostarda; Quem teme, foge


"Há muita gente pensando de si mesma muito mais do que é. Muito mais correto, muito mais capaz e até muito mais santo ou resistente ao mal. Quem se conhece na verdade de suas carências, sabe que está longe de ser pleno de suas possibilidades. E assim não se coloca à prova naquilo que seria grande risco para sua alma. Quem sobriamente se oferta a um teste de resistência, naquilo que não pode suportar?

Por isso, teme a Deus e aparta-se do mal. Fuja, corra, saia de perto e evite. A ideia é mesmo não se colocar à prova, achando-se capaz de resistir. Uma coisa é surgir a tentação, outra coisa é procurar pela sedução. Afinal, promete o sábio, isso pode nos manter puros e sem mácula; saúde para a carne, revigorando em nós aquilo que nos sustenta a estrutura; refrigério para os ossos. Quem teme ao Senhor não se dá a seduzir. Não se oferece à tentação. Não testa Deus.

E por que não?..."

Jânsen Leiros Júnior

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Série Grãos de Mostarda; Regando sempre


"Generosidade parece tema recorrente na Bíblia. Dar com alegria e não reter o que se tem ou se produz, se repetem e se alternam com roupagens diferentes, mas com a mesma essência e pertinência. A generosidade, porém, não é uma atitude fundamental, mas consequente; é uma tradução efetiva do que acontece antes na alma. É, na verdade, um exercício de fé.

Porque reter é pretender-se a garantias de estoque e provisão, que apenas provocam uma falsa sensação de segurança. Jesus alerta ao tolo: louco hoje te pedirão a tua alma, e o que tens guardado para quem será? Ora, se Deus nos usa como canal de bênçãos, a única forma de seguir sendo cheios é deixar as portas desse canal abertas; para entrar precisa antes sair, assim como para encher mais é preciso esvaziar primeiro. E isso é para tudo.

E por que não?..."

Jânsen Leiros Júnior

sábado, 30 de julho de 2016

Série Grãos de Mostarda; Confiança sustentável


"Quantas aflições pode suportar a nossa alma? E por quantas tribulações podemos passar sem desfalecermos? Talvez o segredo para o sustento e a firmeza de espírito, esteja exatamente nessa afirmação de Jesus; tende bom ânimo. Ao nos apiedarmos de nós mesmo e nos entregarmos ao abatimento, somos tragados por tristeza contumaz que se alimenta da ansiedade e do medo pelo novo ou pelo de novo.
Tende bom ânimo não se baseia em positivismo militante ou em otimismo frívolo e fantasioso. Ser confiante aqui tem uma garantia e aponta para um sucesso patente; eu venci o mundo. De modo que a confiança sustentável, longe de ser vazia, aponta para o cuidado e o fortalecimento espiritual, realizado por aquele que é o autor e consumador da nossa fé."

JLjr.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Série Grãos de Mostarda; Chega de divisões


"Há quem acredite que divisões e facções sejam, na verdade, a separação entre joio e trigo. Tiago expressa que tal não pode ser, senão fruto de obra perversa. Eu sou de Paulo e eu de Apolo, já havia sido condenado na carta aos coríntios, a quem o próprio Paulo chamou de infantis na fé. Até quando a vaidade do estrelato e a vontade se fazer referência a um público só seu, semeará discórdia e afastamento, num corpo que deveria ser coeso e firme em todas as suas juntas?"

JLjr.

sábado, 25 de junho de 2016