terça-feira, 31 de maio de 2016

Conversas gravadas, pretensões reveladas. O que mais virá por aí?


Por Jânsen Leiros Jr.

Bem não começou o governo  Michel Temer, e dois de seus ministros já caíram por envolvimento em conversas gravadas, onde as influências políticas e forças ocultas pretendiam prejudicar o desenvolvimento dos trabalhos da operação Lava Jato, ou mesmo paralisá-lo, calando assim a boca do Procurador Geral da República, e do juiz Sérgio Moro.

De certa forma, aquilo que imaginávamos e até chegamos a escrever em nosso blog, na oportunidade ventilado como um incômodo provocado por declarações isoladas, começa a se revelar como pretensão implícita no movimento de impeachment da presidente, agora afastada, Dilma Rousseff.

Antes que se levantem os “coxinhas” de plantão, esclareço que sou tão “coxinha” quanto tantos outros brasileiros, e também fui partidário da admissibilidade do processo de impeachment de Dilma. Mas não podemos tapar os olhos para aquilo que já nos causava desconfiança, e que agora se desnuda da mais flagrante e inquestionável forma; gravações de conversas entre delatores e citados nas investigações da Lava Jato. Ora, a quem mais interessaria a suspensão dessa operação, se não a esses senhores?

Independente do processo de impeachment e do afastamento de Dilma, ainda que considerássemos o governo Temer recém saído das urnas, já seria tudo isso forte indício de haver um esquema de conveniências políticas pessoais ou corporativas. Quanto mais aviltante, em se tratando de um governo que emerge de um processo desejado e acompanhado pela maioria da população, e que auto se denomina como governo de recuperação nacional. Começam, na verdade, a se mostrar como um governo de recuperação da tranquilidade pessoal dos diversos envolvidos em esquemas denunciados, e de vários citados na Lava Jato.

O que nos trás algum alívio, é que pelo medo de morrerem sozinhos e se tornarem mártires solitários de um esquema que envolve tantos atores, os envolvidos se denunciam mutuamente e montam armadilhas entre eles mesmos, nos proporcionando esse circo de horrores de descaradas improbidades e lamentáveis desonestidades em todos os níveis da administração pública. Eles mesmos se suicidam uns aos outros.

Na prática, o que temos agora é uma rotina alterada de nossas vidas pacatas. Todos corremos para casa mais cedo, e em vez de ligarmos a televisão para assistirmos a novela das nove, esperamos todos o noticiário com o novo capítulo das gravações vazadas e das conversas escusas, por seus autores chamadas de “republicanas”. Existisse ainda a censura, apareceria na tela o aviso de que tal programa é impróprio para menores de dezoito anos. Afinal, que exemplo de moral e honestidade se pode dar a qualquer geração, quando aqueles que deveriam defender o direito e os interesses de seus eleitores, se ocupam de se locupletar do dinheiro público, e de esconder as pegadas e os vestígios de seus crimes?

No fim, de onde sairá a tão sonhada, pretendida e necessária legitimidade para o tal acordo de recuperação nacional? Sim, porque quando medidas forem anunciadas, quando os cortes forem feitos na carne do cidadão e contribuinte, como acreditaremos que são efetivamente necessárias, ou não passam de mais um golpe para atender interesses de quem domina e se beneficia de toda essa máquina de sumir dinheiro? Como já disse em artigos anteriores, eu desejo tanto estar totalmente errado…

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