terça-feira, 20 de setembro de 2016

Podemos ser melhores. Ou não?



Sonhar é bom, mas viver a realidade é preciso!

Para quem gosta de esportes os meses de agosto e setembro de 2016 ficaram na memória, afinal, tivemos dois grandes eventos: as Olimpíadas e Paraolimpíadas do Rio de Janeiro.

Nesse período de integração mundial na Cidade Maravilhosa, discutiu-se muito sobre qual o legado que os jogos deixariam para o Brasil. Muitas opiniões extremas tomaram conta do discurso dos brasileiros, uns mais sisudos, pessimistas e até apocalípticos, enxergavam o evento como malefício ao povo, enquanto outros, mais exaltados e otimistas, acreditavam que as Olimpíadas eram o fim de nossos problemas.

E é neste momento que faço minha reflexão.

Diante de todas as manifestações que vi acontecerem e li nos veículos de mídias, de ambos eventos esportivos, a que mais me saltou aos olhos a criatividade do brasileiro em fazer muito com pouco. Você deve estar pensando: "Isso eu já sabia! Não é novidade!", mas, quando fazemos uma análise mais profunda e entendemos o tamanho do investimento em esporte olímpico de cada país concorrente, começamos a clarear esse pensamento.

Enquanto as potencias EUA e China, por exemplo, despejam caminhões de dólares em seus programas Olímpicos e Paraolímpicos, nós, brasileiros, como sempre, nos limitamos à esperar um milagre. Acontece, que milagres, às vezes, brotam em figuras como Arthur Zanetti, as meninas do Iatismo, o fenômeno Daniel Dias, Teresinha e tantos outros nomes de atletas Olímpicos e Paraolímpicos, aos quais gostaria de me referir nominalmente, é possível entender esse conceito de que, com pouco, fazemos muito.

Quando o assunto é a abertura e o encerramento dos dois eventos, tivemos momentos sensacionais que encatarram o mundo, nos fazendo orgulhosos de ser brasileiro, mesmo que momentaneamente. Nosso povo se emocionou com nosso hino e chorou com a superação dos nossos atletas.

Mas e quanto ao hoje? Quando acordamos desse sonho Olímpico e Paraolímpico e voltamos para nossa realidade, nos perguntamos se nós, enquanto nação, conseguimos fazer muito com pouco, em todas as esferas. Por que nossos governos não conseguem? Porque nossos políticos insistem em achar que são impunes? Porque nossos prefeitos, governadores - que se julgam tão inteligentes - não pegam o exemplo desses esportistas, nossos verdadeiros HERÓIS NACIONAIS, e não passam a fazer mais com menos?

Agora é nossa hora de nos manifestarmos por um Brasil cada vez melhor, DE todos e PARA todos, independente de raça, condição sexual, com ou sem deficiência, religião etc.

Faça sua parte e poderemos sonhar e acordar com um Brasil cada vez melhor!

Por Danilo Al Makul


Por Jânsen Leiros Jr.

Excelente reflexão de meu amigo e colega de trabalho Danilo Makul. Principalmente se a observarmos pela ótica da revelação que fizemos a nós mesmos como nação, durante todo o período da Rio 2016; fomos capazes. E se podemos resumir todo esse período em uma só palavra, creio que superação encerraria bem a essência de tudo o que nos aconteceu, diante dos olhares atentos e impressionados de todo o mundo. Somos capazes! O brasileiro sabe fazer.

O problema está exatamente em extrair tal capacidade do mundo dos sonhos da emoção e espírito olímpicos, e transformá-la em potencial realizador no mundo real e cotidiano que precisamos viver. Não foram poucos os amigos e conhecidos que demonstraram apreensão com o fim dos jogos. A vida real vai voltar, ou não quero nem ver quando esse povo todo voltar para seus países e ficarmos só nós aqui. Por que precisamos viver a euforia do sonho e o medo da realidade? Não fomos capazes? O que no sonho deu certo que na realidade não consegue dar? Será que nos fizemos melhores do que somos apenas durante os jogos? Vivemos esses dias apenas para inglês ver? No fundo sabemos que empurramos muita sujeira social para debaixo do tapete.

Mesmo sabendo que grande parte do sucesso devemos às manobras marketing político, que garantiram dias razoavelmente tranquilos e funcionalidades urbanas aceitáveis, ainda assim descobrimos uma capacidade de mudar a realidade para melhor. Porque mesmo quem arruma a casa jogando a sujeira para debaixo do tapete, demonstra saber como a casa precisa ficar quando realmente arrumada. Então sabemos o que queremos ser como sociedade, e descobrimos que podemos ser. Mas dependemos apenas de nossas escolhas. Sim, de nossas escolhas.

Quanto aos políticos e governantes citados, tão oportuna e legitimamente cobrados, eles são apenas um substrato de nossa sociedade. Não temos uma nação inteira descolada da classe política. Os políticos e governantes não são alienígenas ocupando cargos que lhes confiamos. Nem tampouco são estrangeiros. São brasileiros. Gente oriunda de nossa sociedade. Pessoas crescidas e educadas com nossos valores sociais nacionais. Eles são apenas o que somos; potencializados pelo poder e a oportunidade.

Se nos descobrimos capazes de fazer diferente, e se isso surpreendeu até mesmo os mais otimistas de plantão, também somos e seremos capazes de construir uma nação em que levar vantagens escusas, não é nada do que se possa orgulhar. Que cumprir as leis e ser correto nas relações pessoais, comerciais e profissionais não é coisa de otários e zé manés, mas sim de cidadãos que honradamente vivem de maneira proba e feliz. Que aproveitar-se do crime alheio é tão criminoso quanto o próprio ato, pois conivência também se caracteriza pela conveniência e pelo oportunismo. 

Sim, fomos e somos capazes. E se um legado pode ser extraído desse chamado espírito olímpico, que nos embebeu nos últimos dias, é o da capacidade de se reinventar como nação, como povo, como sociedade de valores diferenciados, para alcançarmos resultados diferentes. Porque o que vivemos hoje, na crueza de nossa realidade cotidiana, não nos fará ganhar medalha alguma.

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