sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Novas ideias, antigos inimigos?


Por Jânsen Leiros Jr.

" O governo Bolsonaso está apenas trocando de viés. Diz que vai acabar com a ideologia de esquerda, mas está implementando uma ideologia de extrema-direita. O ideal era que a máquina pública fosse ocupada de forma neutra, entregando serviços para todos os cidadãos brasileiros. Crenças e posicionamentos partidários não deveriam influir na escolha de cargos de escalão mais baixo”.
https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/onyx-fala-em-despetizar-mas-atual-governo-sucede-o-mdb-nao-o-pt.html

Em seu blog publicado pelo jornal O Globo, Miriam Leitão faz diversos comentários sobre os primeiros discursos e feitos do Presidente Bolsonaro, sendo a maioria deles críticas diretas com posicionamento claramente contrário a Bolsonaro. Ninguém poderia esperar outra coisa. Desde a campanha, que a jornalista flagrantemente se colocou contrária a um eventual governo do agora presidente; ela não se rasgaria em elogios, obviamente. Aliás, o posicionamento contrário é tão inercial e ideologicamente fomentado, que se o governo implementar uma campanha para erradicar a dengue, é capaz de haver apaixonada defesa do mosquito, reivindicando-lhe direito à vida.

Nessa linha, o texto acima é mais do mesmo. É claro que Bolsonaro está “trocando de viés”. E isso é inevitável, pois ninguém troca de modelo de gestão, sem que a ideologia que a orientava seja trocada. O apelo a uma atitude imparcialmente ideológica na formação de uma equipe técnica, é uma utopia falaciosa, que apenas pretende demonizar a atitude do novo governo. Próprio do conceito de guerrilha intelectual da esquerda; vários pequenos chutes na canela, até que haja um grande hematoma na perna. Se a competência técnica fosse o único critério utilizado pelos governos anteriores, por que aparelhar tanto o Estado, como fizeram?

Há um aspecto no fato comentado por Miriam Leitão, porém, que apesar de não comentado por ela a partir da ótica comportamental, chama a atenção pelo equivoco contextual. Sim, porque não obstante às queixas inerciais contra o novo governo, é importante observarmos algumas falas equivocadas da equipe que inicia no comando do país, que tendem a sinalizar igualmente, que poderemos ter mais do mesmo, em alguns setores da nova administração.

Mais exatamente, a frase do empolgado ministro Onyx Lorenzoni, que disse que precisamos “despetizar o Brasil”, que obviamente não passaria em brancas nuvens pelo terreno árido de seus opositores, causou algum desconforto até mesmo entre apoiadores. Não pela óbvia declaração da inevitável troca de viés ideológico, nem pela sensação de caça às bruxas a governos anteriores. Como falamos anteriormente, isso é natural e inevitável quando se fala de troca de equipe de trabalho. O problema está na demonstração de que ainda se alimenta uma divisão no país, a manutenção do nefasto discurso do eles e nós, que não ajudará em nada as pretensões de tirarmos o país do caos em que se encontra. Como se construirá um importante e necessário pacto nacional para superação da crise, alimentando uma guerrilha interna com falas segregadoras como essa? É preciso abandonarmos esse comportamento imediatamente. Do contrário, viveremos apenas o outro lado de uma mesma moeda, quando na verdade, precisamos viver uma outra e diferente moeda nesse país.

Não bastasse isso, é importante lembrarmos que a campanha acabou. Não é mais necessário convencer ninguém para obter votos. Agora é preciso realizar aquilo para o que se recebeu a confiança da maioria da população. Não é mais necessário falar do adversário. Agora é preciso fazer diferença, operar as mudanças, trabalhar muito e em silêncio, para conquistar a confiança pela eficiência e pela eficácia apresentada; real e incontestável.

Vivemos mergulhados, num passado recente, em falácias e propagandas de um governo que viveu do que falava, mais do que daquilo que efetivamente fazia; próprio do populismo. Nos manteríamos agora no mesmo cenário, mudando apenas o papel de parede? Tenho certeza de que esse não é o que precisamos, e aposto que não é essa a pretensão original do novo governo. Mas não se pode negar: pequenos tropeços podem desviar promissoras jornadas. Se não corrigirmos cursos desde o começo, é possível errar o destino da embarcação.

Portanto não é hora de “despetizar” o Brasil, mas sim de recuperar o país, definindo novos rumos e perseguindo-os. Vamos trabalhar para atingir as metas de governo e abandonar as querelas partidárias. O PT já foi vencido nas urnas, mas todo brasileiro pode, e deve, trabalhar para salvar esse país, tenha ele a predileção partidária que tiver. Afinal, o Brasil é de todos nós.

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