Por Jânsen Leiros Jr.
Apesar de todas as coisas pelas quais
podemos criticar o uso que se faz da internet em nossos dias, há algumas que
são simplesmente maravilhosas. Uma delas, a que considero uma das mais
extraordinárias, é a de servir como uma espécie de memória estendida de tudo o
que ficou pra trás, ajudando-nos a trazer à lembrança, ditos e feitos que, se
não pudessem ser revisitados, seriam apagados pelas falácias urdidas mas
atualmente inócuas, daqueles que tentam corromper nossas ideias, dizendo que
falaram o que jamais afirmaram, ou negando ter dito, o que ficou registrado
como fala em favor de suas conveniente.
Aos que se acostumaram ao uso descabido
e ilimitado do cinismo e da desfaçatez, na tentativa de se desvencilhar de suas
responsabilidades, a internet funciona como uma espécie de consciência que os
persegue, sussurrando ao seus ouvidos, e lembrando que a negação dos fatos,
pode até mesmo ser entendida, por condescendência, como demência, mas jamais
impedirá a opinião pública de ser confrontada com a verdade. Afinal, contra
fatos, vídeos e áudios não há argumento. Há “sambarilovis”, engambelações e
“migues”, mas esses funcionam cada vez menos.
Quando a gritaria sobre as conversas
entre Sérgio Moro e Deltan surgiram na mídia dias atrás, parecia que todos os
delitos cometidos por Lula e sua gangue haviam sumido do mundo, e uma espeça
nuvem de inocência descera sobre suas cabeças. Quase que os tornando santos
injustiçados, políticos perseguidos, probos e de reputação inatacável, como inclusive
gosta de afirmar Lula sobre si mesmo, o mais honesto ser humano da terra.
O vídeo que você pode assistir abaixo,
nos faz relembrar as verdadeiras razões pelas quais esse séquito de criminosos
está presa, e porque foi preciso tanto empenho da força tarefa da Lava Jato, em
encontrar indícios de corrupção, e ainda porque precisou utilizar-se do
instituto da delação premiada, na montagem desse emaranhado quebra cabeça de favorecimentos,
superfaturamentos, financiamentos indevidos, e outras formas que engendraram
para drenarem os cofres públicos.
Ora, como se costuma dizer, “não existe
recibo de propina”. E a menos que o criminoso seja tomado por um espírito de
confissão incondicional e irresistível, jamais existirá prova material
contundente que caracterize inquestionável delito, como alegam esperneando as
defesas dos respectivos criminosos. Podemos até suspeitar que, ainda assim,
dado o cinismo e a cara de pau dessa gente, ainda que alguma filmagem nítida e
inquestionável os flagrasse no próprio ato ilícito, diriam não se lembrar do
fato, alegando estarem possuídos por um demônio qualquer da ganância, se
autodeclarando inocentes e inimputáveis. Adélio Bispo e seus advogados não nos
deixam mentir.
Nesse mesmo vídeo, o apresentador do
telejornal da Globo reproduz o conteúdo da carta de desfiliação ao PT escrita
por Antônio Palocci, que entre outros históricos serviços prestados ao partido
e às candidaturas de seus expoentes, foi ministro da Fazenda, e participava da
cúpula decisória do PT. Ora, será que ele fala sem conhecimento de causa sobre
as maracutaias que vivenciou e das quais fez parte? Ou será que se trata apenas
de vingança de sua parte, por ter sido abandonado pelo comando do partido, que
considerou que o sacrifício isolado do companheiro, era um efeito colateral
aceitável, diante de uma causa maior e mais nobre; o projeto de poder do
próprio PT e seus mancomunados?
Palocci faz uma leitura precisa da
realidade e uma descrição am-pla da anatomia da perda de rumo do partido, e de
como deixou de ser a esperança nacional para quem convergiram votos de
confiança, para se transformar na mais deplorável decepção política, e a
demonstração clara de como o poder é capaz de corromper os que estão ávidos
para dele se servir, na ânsia por atender suas particulares conveniências,
longe dos interesses nacionais.
Sim, Deltan e Moro se falavam. Ainda
bem. Isso evitou que o processo se fragilizasse por qualquer inconsistência,
tornando-se vulnerável diante de manobras jurídicas tendenciosas, permitindo
que esses bandidos escapassem dos braços da lei. Quanto mais lemos o conteúdo
das mensagens trocadas, mais nos convencemos de que fizeram mesmo a coisa mais
certa que poderiam fazer. Todo empenho vale a pena, quando a luta contra o crime
não é pequena.
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