Por Jânsen Leiros Jr.
Tendo sido uma das musas da campanha
presidencial de 2018, a deputada Joice Hasselmann - PSL SP, apresentou fortes
acusações na CPMI das Fake News, que tentam manchar a probidade das atitudes do
presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados mais próximos, bem como de seus
filhos.
Tendo sido uma de suas mais ferrenhas e
combativas apoiadoras, toda fala da deputada a respeito de práticas usadas pelo
planalto, induzem a presumível verdade com promissora credibilidade, uma vez
que ela mesma privava, não apenas da proximidade com a família Bolsonaro, como
planejou e atuou na condução da campanha e participou ativamente dos primeiros
meses de governo.
Na sequência de suas afirmações, caso
tenham pretensão de denúncia, Joice Hasselmann deverá apresentar provas que tramitarão
dentro da CPMI seguindo o rito jurídico pertinente. Um detalhe, porém, nos
sugere estranheza e um mínimo de cuidado, antes de embarcar em qualquer coro
coletivo. Por que, se tais afirmações são verdadeiras, ela não as apontou
durante a campanha, ou mesmo logo após ter avançado como parlamentar da base do
governo? Por que essa sua denúncia não se fez real, ainda quando aliada direta
e interessada no sucesso do governo Bolsonaro? Qual conveniência a manteve em
silêncio, ou ainda quais interesses deixaram de ser atendidos, para que agora
se volte contra a liderança que anteriormente lhe estendeu a mão? Consciência
política e cidadã, ou contrariedade caudadas por perda de vantagens que
imaginava obter?
Sim, porque o conteúdo da fala e o
fundamento da denúncia, não se sustenta em uma descoberta tardia, que
porventura legitimasse um grito de revolta, diante de indignação movida por
sentimento de traição de sua confiança. Pelo contrário. A deputada está falando
daquilo que eventualmente é uma prática, da qual, se não era cúmplice, era no
mínimo omissa por conveniência e casuísmo, revelando na esteira de suas
afirmações, flagrante suspeição sobre o caráter de suas intenções.
É óbvio que tais denúncias são graves e
precisam ser apuradas. É óbvio que não se pretende aceitar que um governo
manipule informações a seu favor, por quaisquer que sejam suas motivações, por
mais nobres que se pretendam. Não foi pra isso que foram eleitos. E claro,
seria tal realidade inaceitável, uma vez que feriria de morte qualquer credibilidade
em sua condução nacional. Mas até que ponto a poeira levantada por Joice
Hasselmann não passa de uma tentativa de barganha, empoderamento político, ou
mesmo recuperação de proeminência perdida, uma vez que se dissociou do próprio
governo que acusa? Ou será que ela não percebe que sua denúncia, se verdadeira,
inclui forte demonstração de conivência e oportunismo, características
políticas da qual, como nação, queremos nos livrar; vontade expressa claramente
nas urnas?
Fazendo jus ao símbolo da “arminha”,
Joice já disparou o seu tiro. Resta saber se foi um “tiro n’água” ou “no
próprio pé”.
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