Por Jânsen Leiros Jr.
"Estamos diante
do mais absurdo e descarado golpe por parte da direita fascista desse país."
"Não podemos
ficar de braços cruzados sem fazer nada, enquanto a mídia golpista dá as cartas
para fundar uma nova república no Brasil."
"Até quando vamos
permitir que meia dúzia de gatos pingados determinem os rumos da política e da
economia do Brasil, enquanto que nossa gente sofrida morre de fome, vivendo sem
teto e sem condições de uma vida digna. Eles querem voltar a mandar, porque
perderam seus privilégios e o pobre passou a ter vez..."
"... a mídia
brasileira tenta colocar o PT e a presidenta Dilma Rousseff na crise com o
objetivo de desestabilizá-la."
Trechos de discursos favoráveis ao governo, garimpados da
internet e da TV
Sempre que leio ou escuto o discurso
dos favoráveis ao governo do PT, e dos que saem em acalorada defesa de seus
expoentes, sou levado a um reflexão que julgo importante para o processo pessoal
de escolha de lado. Se é que devemos necessariamente escolher um dos lados que
aí se apresentam, lutando por nossas predileções e apoios.
Digo isso porque, sinceramente, sou
tocado pela retórica que nos confronta com a possibilidade de estarmos, a maioria
da opinião pública e de alguns meios de comunicação, servindo inocentemente a um processo de vingança da chamada elite brasileira, contra as conquistas
dos pobres do Brasil, flagrantemente trazidos a uma condição de vida e de
importância social e econômica jamais vistas
na história desse país.
É no mínimo provocador, aos que não se
deixam facilmente conduzir pelas manobras midiáticas, qualquer que seja o lado
pelo qual se deem tais manobras, o apelo a que se avalie cuidadosamente, se
toda essa massa de informações não está apenas servindo ao movimento
manipulador do senso comum, na criação de um cenário favorável e de um ambiente
perfeito para a usurpação de leis e garantias constitucionais, com vistas a um suspeito
bem maior de interesse nacional,
ferindo princípios que mais tarde poderão ser desrespeitados em relação a
qualquer cidadão de bem desse país.
Se ouvirmos tais discursos com
isenção, somos obrigados a sinceramente perceber pertinências e lógicas tão
óbvias, que nos sentirmos os mais idiotas cidadãos do mundo, por nos deixarmos envolver
pelo clamor das ruas, fomentado por uma gente comprometida com interesses
supostamente mesquinhos, que buscam apenas retornar aos seus privilégios
perdidos quando da ascensão da classe trabalhadora ao poder. E assim, acabamos por intuir que tais
movimentos não passam de mera revolta da burguesia indignada, contra as classes
desfavorecidas que nunca tiveram quem as defendesse, mas que agora contam com o
PT e em seus aliados; suas últimas linhas de resistência contra a exploração, o
descaso e o abandono.
Eu, que não tenho qualquer predileção
partidária ou sequer interesses de encarreiramento político, mas totalmente
interessado nos rumos políticos e econômicos do Brasil, seguro duas bandeiras
distintas, uma em cada mão. Ora sentindo impulsos por levantar uma, ora sentindo
o mesmo impulso em favor da outra. E fico assistindo atônito à uma guerra
travada por falácias, versões, bravatas e palavras de ordem, que se não conseguem
atrair as consciências sinceras de quem tenta se manter equilibrado, partem
para um bestial apelo emocional que se polariza entre a indignação e o cinismo,
que se alternam de lado a lado, conforme suas conveniências e necessidades de
convencimento.
Confesso que tendo sido adolescente e
jovem durante a ditadura, tenho natural inclinação pelo discurso da auto declarada esquerda, de que há um golpismo
entranhado em todos os factoides criados
pela mídia reacionária desse país,
pois não só sabemos de seu comprometimento no passado recente do Brasil, como
contamos com o depoimento de muitos personagens ainda vivos dessa história. E
não só por isso, mas minha geração viveu de perto e de dentro, muitas das manobras
e artimanhas arquitetadas para manipulação das massas a favor de um regime totalitário.
Vivenciamos as perdas de direitos democráticos, e nem de longe gostaríamos de
ver reeditadas as circunstâncias nacionais daquela época.
Acontece que simplesmente o discurso
dessa mesma auto declarada esquerda
não cola. E não cola não por inconsistência de legalidade, mas por impertinência
de moralidade, uma vez que seus expoentes, ora envolvidos em toda essa movimentação
nacional a que assistimos, posicionaram-se e comportaram-se com cinismo e
desfaçatez, próprios de quem tenta encobrir atos criminosos e fraudulentos,
contrariando a máxima de nossos avós, que dizia que quem não deve não teme. Ora, se temem e se fogem, somos
inevitavelmente levados à irresistível conclusão de que devem... e muito.
E talvez seja isso que os defensores
de primeira hora, e os oportunistas aliados do governo não entendem, ou
convenientemente não queiram entender; não adianta culpar o sofá pela traição ocorrida na sala. Pouco
adiantará acusar de ilegalidade a atitude de acender a luz, que no final flagrou e proporcionou-nos enxergar os maus feitos realizados por toda essa corja
que se apoderou do estado brasileiro,
sem nenhum direito de fazê-lo. Manobras
políticas para se manterem em uma condição privilegiada que os deixe longe da
mira da justiça e das investigações, demonstram inequivocamente que há muito o
que esconder ou tudo a disfarçar. E nada melhor do que um discurso raivoso de vítimas de um golpe, e de vingança das elites, para disfarçar ou
ofuscar a visão de quem tenta buscar um ponto de vista isento e sinceramente
não comprometido.
De modo que a exemplo do que publiquei
há poucos dias sobre a fala do senador Delcídio do Amaral, o que acaba por
assinar a confissão de culpa dos feitos e das intenções da liderança do PT e de
seus aliados, é exatamente a sequência de manobras realizadas para tentar se
defender, e que demonstram, insofismavelmente, que a caixa preta que insistem
em não abrir tem muita coisa imprópria a revelar.
Além disso, o discurso velho e
esgarçado pelo tempo que tenta promover a divisão do país entre eles e nós, é o mesmo expediente utilizado por terroristas que se utilizam
de escudos humanos para se protegerem de ataques das forças inimigas. Vale
ressaltar que os escudos não só são formados por civis, como também por compatriotas,
pessoas que compartilham os mesmos interesses e crenças. Porque no processo de
fuga e de manutenção da própria vida, pouco lhes importa que aliados ou mesmo
admiradores, acabem pagando com a própria vida, desde que garantam as inestimáveis
sobrevidas dos fugitivos.
Portanto, por mais sedutores que nos
sejam os discursos pretensamente denunciadores de um golpe dos poderosos contra os coitados e injustiçados defensores dos desfavorecidos, o próprio
comportamento dos investigados e acusados, lhe servem de contraditório à
presunção de inocência. Nossos avós estavam certos como sempre; quem não deve não teme. E eu completo, não temem nem mesmo uma eventual injustiça.
Pois nesse caso haverá sempre quem os defenda com fatos e provas; legitimamente.
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