Por Jânsen Leiros Jr.
Creio que a grande vantagem de Gabeira
em suas análises é sua isenção presente, que consegue desgarrar de seus
comprometimentos do passado. Próprio de quem fez as pazes com a própria
consciência, reconhecendo seus equívocos e se reinventando como colaborador
crítico para uma sociedade melhor. Sou fã de suas percepções alternativas e
quase sempre provocativas.
Ele “acertou na mosca”. A troca de
favores sempre empodera o “facilitador”, principalmente quando esse se torna
uma espécie de garantidor do favor concedido.
Quando tal se dá em relações privadas,
normalmente se constrói a partir disso uma espécie de ambiente de gratidão,
quando desprendida de barganhas. Quando por conveniência, cria uma espécie de
compromisso/dívida, que um dia será veladamente cobrada. De um jeito ou de
outro, em se dando tal favorecimento em contexto particular e pessoal, qualquer
desdobramento, se muito, além dos diretamente envolvidos, irá envolver
familiares ou amigos próximos.
No caso de ocupantes de cargos públicos,
no entanto, e sendo eles representantes máximos de poderes constituídos, tais
favorecimentos transferem poder, e inibe capacidade, ou em última análise,
legitimidade, de expressão em contrário. Confere ao obsequioso, capacidade de
agir, sem que o favorecido se torne um problema ou entrave para as pretensões
de seu benfeitor.
E a medida em que os poderes vão sendo
transferidos, constrói-se um "ente" pouco ou nada controlável que, ou
pode efetivamente tudo, ou pensa que pode, sendo ambas as possibilidades
igualmente temerárias e imprevisíveis em suas consequências.
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