segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Habemus Presidente!


Por Jânsen Leiros Jr.

"Não tenham medo, nós estaremos aqui"
Haddad em discurso após derrota


Enfim, habemus presidente! E o melhor, num clima de serena tranquilidade, numa verdadeira festa democrática, em que números impressionantes demonstram a maturidade com que nos comportamos como nação, apesar de todas as dificuldades que vimos enfrentando nos últimos anos.

Mais de 115 milhões de brasileiros compareceram às urnas, declarando sua vontade quanto aos rumos do país, num exercício de cidadania impressionante, e de fazer inveja a muitas nações. Um país de dimensões continentais e de uma população espalhada por rincões, muitos deles improváveis, consegue aferir a vontade de cada brasileiro, numa ação célere e confiável, apesar de todas as desconfianças e senões que o processo sofre de tempos em tempos.

Ministra Rosa Weber, presidente do TSE
Findo o processo eleitoral, porém, alguns lamentáveis mas importantes destaques precisamos considerar, pois mesmo palavras ditas no calor do resultado, revelam tendências de comportamento, bem como as pretensões de quem está à frente de um grupo no jogo político.

Podemos começar pelas declarações do candidato derrotado Fernando Haddad do PT, onde alguns detalhes precisam ser pensados mais profundamente. E podemos começar pela frase que ganhou maior destaque em diversos meios de comunicação: “não tenham medo, nós estaremos aqui”. O que poderia soar positivo e extremamente alentador se saísse da boca de um pai a seus filhos receosos diante de um desafio qualquer, ambientado em um discurso pós-eleição e pós derrota, na verdade parece demonstrar a intenção de manter a população dividida num preocupante nós e eles. Essa máxima do pensamento separatista e desagregador, não consegue ser abandonado pelas falas da esquerda, nem mesmo depois da derrota. Segundo alguns repórteres presentes ao evento, houve militante dizendo que se manterão na resistência. Resistência?

Quem minimamente desconhecesse o enredo de todo o pleito, facilmente imaginaria que se tratava de um líder que falava de algum esconderijo, de onde mandava recado motivador a seus combatentes, vencidos em uma batalha sangrenta; não tenham medo, nós vamos contra-atacar. Será que isso é tudo o que sobrou pra fazer? Resistir e contra-atacar? Será que eles não têm muito o que fazer e a contribuir para melhorar o país, apesar das divergências de projeto nacional? Onde estão as ideias que acreditam ser interessantes se aplicadas no dia a dia da sociedade? Não podem trazer para uma mesa de negociação e planejamento? Só valem suas ideias, se impostas a partir do poder de se fazerem cumprir?

Como bem disseram alguns jornalistas após esse discurso do candidato derrotado, eles não aprenderam nada. Aliás, isso já havia sido dito em alto e bom som por Cid Gomes algumas semanas atrás. O PT não se repensa, não faz exame de consciência. Sua única atitude é rever o que deu errado em sua estratégia de guerra, pra logo retornar ao combate. Ele atua como um sindicato raivoso, e não como um partido responsável, onde figuras ilustres e diversos intelectuais já militaram politicamente. Ou seja, o discurso de Fernando Haddad meio que resumiu o motivo pelo qual o PT saiu das urnas derrotado; o flagrante desejo incondicional pelo poder, para seguir realizando tudo o que já conhecemos que fazem, e ainda haveremos de conhecer, pois os processos na justiça e as investigações da Policia Federal ainda têm muito a revelar à nação. Sim, porque sem revisão de seus feitos no poder e uma análise responsável de sua conduta como partido, o que teríamos numa eventual vitória de Haddad, seria nada mais, nada menos, do que mais do mesmo.

Em verde vitoria de Bolsonaro. Em vermelho Haddad
E isso fica ainda mais claro, quando lembramos de outro trecho de seu discurso, onde ele coloca como riscos institucionais corridos pelo país, o impeachment de Dilma e a prisão, segundo ele, injusta de Lula. Ora, Lula foi preso por ter sido condenado em segunda instância, exatamente como determina a lei, ironicamente sancionada por ele mesmo. E foi condenado porque a justiça em duas instâncias, entendeu que ele era culpado dos crimes pelos quais havia sido indiciado. Risco institucional teriam corrido o país, se a lei tivesse sido suplantada pelas manobras de sua defesa, ou mesmo se quedado em sua soberania, diante de parecer de uma comissão da ONU, que nenhum poder possui sobre qualquer ato interno de qualquer país que dela participa.

O pior disso tudo é ver o quanto desse comportamento desagregador se dissemina pela sociedade. As redes sociais reverberam isso, e vemos eleitores de Haddad reagindo raivosamente, declarando estarem de luto, alguns até dizendo agora vocês vão sofrer na pele, numa demonstração horrenda de torcida pelo pior, quando deveriam todos, a uma, e sem rancores, torcerem e trabalharem pela recuperação do país. Pois independente de quem está no comando, vivemos todos aqui, e aqui viverão nossas futuras gerações. Ou perpetuaremos a máxima das oposições irresponsáveis do quanto pior melhor? Ora, estamos todos de um mesmo lado. Somos todos de um mesmo time. Se o Brasil estiver mal, estaremos todos. Mas se estiver bem, estaremos todos, e isso é o que efetivamente interessa. Somos uma só nação.

De tudo, o mais importante, é que habemus presidente! Um presidente que iniciará seu mandato com a legitimidade das urnas e com a popularidade, no mínimo, do tamanho do contingente de votos que recebeu. Um presidente que, sustentado por essas mesmas urnas, terá a possibilidade de recolocar o país nos trilhos do desenvolvimento, e a responsabilidade de executar tudo aquilo que prometeu, e pelo voto de confiança que recebeu em expressiva votação.

Precisamos, todos os brasileiros, trabalhar com dedicação e boa vontade, para construirmos um país melhor, independente de quem está no poder. Os políticos passam, mas a nação fica. E que fiquemos cada vez melhor, em paz e em prosperidade. Para o bem de todos, hoje e sempre.

3 comentários:

  1. Amigo,irmão e professor, excelente reflexão!!!!
    Vamos seguir orando e pedindo a Deus que o nosso presidente seja um homem segundo o coração de Deus e que ele seja blindado de toda a armadilha forjada pelo diabo em nome de Jesus!!!

    Um grande abraço, meu amado!

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  2. Grande Jânsen, camarada gente boa e bacana! Infelizmente estamos de lados opostos em termos de política: minha visão de mundo é de fato de esquerda. Infelizmente não fico feliz com diversos comportamentos do PT, mas admito todos os avanços (e contundentes!) em vários aspectos durante as várias gestões duraram. Condenaro PT por corrupção é válido, mas, creio, tem pouco alcance, uma vez que, a política, em grande medida, abarca a corrupção como óleo para as engrenagens de uma máquina.
    A eleição do Bolsonaro apenas demonstra uma disposição para um conservadorismo social de quem não se importa com conquistas sociais muito importantes no que diz respeito às pessoas LGBTs e, mais importante ainda, com a LAICIDADE do Estado, que fica cada vez mais comprometida tamanho foi o envolvimento religioso na campanha e na base de governo. Lamentável comportamento. Não tenho nada contra o cristianismo, nem contra nenhum cristão, mas, de fato, o Estado perde cada vez mais em termos de laicidade.

    Com todo respeito,
    iurin

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    1. Querido Iurin, é um prazer debater o assunto aqui com você.
      O mais chato é que não será um debate, pois suas colocações são irretocáveis e extremamente equilibradas; não seria diferente vindas de você.
      Em todo caso quero fazer coro com você sobre a preocupação e os cuidados que precisam ser tomados, para que o governo não seja confundido com religião. Ainda que Estado laico não signifique Estado ateu, o presidente pode ter e declarar sua predileção religiosa, mas não pode franquear o estado em função de sua religião. Mas creio que estamos longe desse risco, embora não falte quem gostaria de se locupletar disso nesse momento. Mas será preciso mantermos os olhos abertos.
      Quanto a esquerda, ela precisa se repensar. não vale não o poder a qualquer custo, e na prática foi o que a maioria votou. Não vale a corrupção, nem o aparelhamento do estado e nem as conveniências partidárias.
      Mas vamos aguardar o governo do Bolsonaro e teremos muitas coisas a debater. E com gente inteligente fica mais agrável.
      Deus abençoe sua vida...

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