terça-feira, 30 de outubro de 2018

Resistência à democracia?


Por Jânsen Leiros Jr.

" Boulos convoca protestos contra eleição de Bolsonaro em “defesa da democracia”"
 “vai ter oposição, essa oposição vai tá na rua (…) e já vamos para as ruas nos próximos dias (…) pra afirmar a defesa da democracia”.
https://catanduvasmais.com.br/boulos-convoca-protestos-contra-eleicao-de-bolsonaro-em-defesa-da-democracia/


Logo após a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, Guilherme Boulos do PSOL, que no primeiro turno das eleições teve 0,58% dos votos, considerando-se representativo e porta-voz da campanha derrotada, convocou em um vídeo que viralizou pela internet, um chamado movimento de resistência contra o candidato eleito, em favor da democracia... Democracia? Eu sinceramente não consegui entender essa sua lógica.

Pelo que se sabe, e a menos que todo o jornalismo que cobriu o processo eleitoral tenha omitido quaisquer ocorrências, tudo correu na mais perfeita ordem em todo o território nacional. Segundo relatório passado pela ministra Rosa Weber, presidente do TSE, os casos de descumprimento da lei eleitoral esse ano foi menor do que os registrados em 2014, o que reforça o entendimento de que, não obstante o acirramento dos ânimos das campanhas nessa reta final, o clima de respeito e ordem entre a população foi exemplar.

E não só isso. O resultado das urnas seguiu o que franca e abertamente se percebia entre o eleitorado. Tanto é assim, que algumas pesquisas sobre a percepção do eleitor quanto a quem ganharia a eleição presidencial, apesar das particulares predileções, indicavam que 87% dos eleitores acreditavam na vitória de Jair Bolsonaro. De modo que as urnas, quando abertas, não revelaram qualquer surpresa do que já se imaginava.

Portanto, o candidato vitorioso foi eleito, não por ato de força ou imposição de qualquer instituição, senão pelo voto livre e espontâneo da maioria dos eleitores. Mais exatamente pouco mais de 57 milhões de pessoas, ou 55% dos votos válidos. Ou alguém soube de qualquer eleitor de Bolsonaro que tenha assim votado, motivado por chantagem ou ameaça qualquer?

Qual a motivação então de uma resistência ao resultado das urnas? Em que momento houve qualquer imposição pela força, que contra ela se requeira uma resistência? Sim, porque só se resiste ao que se é forçadamente obrigado. Mas se o resultado das urnas expressa a vontade da maioria, a isso não se resiste, mas se acata. Aliás, a isso sim chamamos democracia. Mas em vez disso, o que Guilherme Boulos e quem quer que ele represente pretende, é uma resistência à democracia.

Ora, demonizar Jair Bolsonaro tentado fazer de sua figura um inimigo público é completamente sem sentido, uma vez que desrespeita a escolha da maioria, e menospreza o voto de todos os seus eleitores. Além disso, tentar tornar ilegítima sua escolha é tentar criar um terceiro turno nas eleições, pleito não previsto na constituição brasileira. Claro que uso de ironia.

Em sua fala no vídeo, Boulos diz que o Brasil é muito maior que Bolsonaro. Nisso ele está coberto de razão. E por isso mesmo ele só poderá ser presidente, porque foi exatamente o Brasil, pela escolha soberana da maioria de seus eleitores, que o escolheu para o cargo de presidente da república. Não fossem esses votos, ele não teria sido eleito. Sim, Jair Bolsonaro é mesmo um soldado, que cumprirá a missão dada pelo povo brasileiro, de presidi-lo pelos próximos quatro anos. Ou será que a democracia só é boa e o voto da maioria só é válido, quando favorável à esquerda?

Sim, também é verdade que uma parcela representativa da população votou em Fernando Haddad. Mas essa parcela, ainda que representativa, é menor do que a parcela que votou em Bolsonaro, o que faz dele, pela constituição federal, o legítimo e democraticamente escolhido chefe do governo do Brasil. Desrespeitar a vontade da maioria, isso sim, é um atentado ao estado democrático de direito. De modo que toda insatisfação e toda a contrariedade são aceitáveis, desde que respeitadas as condições constitucionais. Mas incitar a população a uma pretensa resistência, como se uma batalha sangrenta tivesse sido travada para eleger Bolsonaro, é pretender manter a nação dividida, colocar lenha em um clima de guerra, onde os interesses políticos de alguns, são flagrantemente mais importantes que os interesses de toda uma nação.

Sim, porque o que o brasileiro quer, independente de quem o lidere, é a melhoria de suas condições de vida. É a recuperação e o crescimento da economia, de modo a garantir-lhe emprego, educação, saúde e segurança. O que o brasileiro quer é o combate ostensivo à corrupção, que sangra os cofres do governo e impede a efetiva execução das políticas públicas. Um ambiente de disputa pelo poder e a manutenção do cenário de um país divido, só atende aos interesses de quem pretende manter uma parte do povo cativo, para dele se utilizar como patrimônio eleitoral, conforme suas conveniências e casuísmos.

É preciso entender de uma vez por todas que o processo eleitoral chegou ao fim. Acabou. Temos um presidente eleito. E é hora de descermos todos do palanque e trabalharmos. Temos um país a reconstruir. Temos uma economia a recuperar, e isso não se faz com palavras de ordem, e muito menos com incitação das massas. Riqueza se produz com trabalho, dedicação e empenho.

Maravilha da democracia, se o presidente eleito não corresponder, trocamos. Se pior que isso, o impedimos. Somos mesmo maiores que qualquer candidato eleito. Nós os colocamos, nós os trocamos. Simples assim.

Precisamos sim dar uma virada de mesa, mas para mudarmos os rumos desse país. Deixarmos de ser o país da corrupção, para nos tornarmos o país da produção. Um país dado a mais trabalho e menos discurso. Um país onde haja direitos à medida que deveres cumpridos. Um país onde a assistência seja um socorro e um apoio temporário, e não uma dependência permanente que vicia e escraviza. Uma nação em que incentivos fiscais não se transformem em margem de lucro de empresas, barganhas políticas, ou propinas escusas.

Não é hora de resistência, mas de inteligência, unidade e convergência. Inteligência para percebermos que a hora de reagirmos no cenário mundial é agora. De unidade para deixarmos de lado as diferenças e predileções políticas, entendendo que estamos todos do mesmo lado, no mesmo time, e que temos todos um mesmo objetivo. E de convergência, para que todos os esforços e recursos de nossa gente, estejam voltados para um único fim; fazermos desse país, definitivamente, uma grande nação. Somos o maior país da América Latina. Um gigante, que precisa caminhar firme na direção de um futuro compatível com a grandeza de seu povo, em vez de viver tropeçando nas próprias pernas.

Daqui pra frente, se alguém sugerir que você se engaje em alguma inoportuna resistência, responda com simpatia que está ocupado, construindo um novo Brasil.

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