Por
Jânsen Leiros Jr.
Existem algumas máximas
eternizadas no processo de construção de uma narrativa, que se utilizam de um
fato concreto, mas interpretando-o conforme a conveniência ou necessidade da
narrativa a se construir. Nesse processo, a realidade apresentada atenderá
sempre ao interesse de quem engendra tal narrativa, criando sua verdade particular
e por necessidade de convencimento, incontestável.
Essas artimanhas claramente se demonstram
eficazes, quando o público alvo dessas falácias, atualmente chamadas de Fake
News, não se aprofunda nos fatos em si, e nem atenta para os interesses
escondidos por trás de cada oportuna distorção, quase sempre eivada de uma
máscara de pretensa legitimidade; atualmente muito se tem utilizado da
indignação.
Há em nosso país, um exército de ingênuos
pré-ofendidos, à espera de um motivo que lhes legitime o efeito latente. “Me dê
motivo...”, cantava Tim Maia. E isso fica muito para lá de evidente nos dois
casos cujas reportagens seguem abaixo.
No
primeiro, a menção de um fato ganha o rótulo de “ataque”. O depoente presta
depoimento e faz alusão a uma circunstância... “ataque”. Mas chamar de claque os
brasileiros que ficam na frente do Palácio da Alvorada esperando para falar com
o presidente, pode; não é ataque. Eles chamam de livre exercício do jornalismo
investigativo. Está mais para o sórdido ofício do jornalismo especulativo e
oportunista.
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Ah, mas o presidente Bolsonaro tem pavio curto e fala demais! É verdade que ele
não é de medir muito as palavras e que distribui “caneladas”, e que suas
declarações são provocativas. Mas isso jamais foi surpresa para quem quer que
seja. Ou será que alguém pode se dizer decepcionado com seu estilo e
personalidade?
Mas
e o caso do juiz Marcelo Bretas, que sabidamente evangélico compareceu em sua
folga, a um evento gospel? Querer colar em sua presença no evento, um rótulo de
interesse político com contundente influência do processo eleitoral de 2020, é
considerar a população inteira incapaz de perceber o que é espontâneo ou oportunismo.
Pretender impedir o livre trânsito e a presença do cidadão Marcelo Bretas num
evento evangélico, um velado “ataque” ao seu livre direito a culto e exercício
de fé?
Mas
no final de tudo, nada do que foi escrito até aqui faz qualquer diferença para
quem quer que seja. Porque a experiência nos tem demonstrado que a maioria
esmagadora de pessoas acredita naquilo que bem entende e convém. Os contras creem
na ofensa. Os favoráveis acreditam piamente na inocência. Ninguém mudou ou
mudará de opinião a partir desse texto. Porque no fundo, até mesmo ele, o
texto, parte de uma crença pré-existente de presumida articulação e de uma simpatia
aos envolvidos. Caso não fosse, talvez estivesse engrossando o coro dos
ofendidos.
A
boa notícia é que o tempo e a verdade que ele revela julgará a todos, arrancando
a máscara quer dos ingênuos ofendidos, ou dos inocentes ofensores.
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