O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) Foto: Divulgação |
Por Jânsen Leiros Jr.
Que
o ser humano é incoerente em suas proposições, conceitos e práticas, não há
qualquer novidade. Somos assim nas mais diversas facetas da vida, afetando
condutas e escolhas em variados setores e momentos de nossa curta existência e
exercício de individualidade. Querem um exemplo simples? A mentira pode nos ser
um ato repugnante por princípio. Mas basta uma ligação telefônica indesejada,
para que se mande dizer que “não está”. Uma incoerência socialmente permitida,
será? De uma forma ou de outra e nos mais variados graus, a incoerência ou desequilíbrio
entre teoria e prática assola o nosso cotidiano, tornando sempre mais difícil o
desenrolar da vida e suas realizações.
Se
a incoerência nossa de cada dia envolve questões meramente pessoais e estritamente
individuais, menos mal. Somos, por assim dizer, vítimas de nossa própria atitude,
e sofremos sozinhos as eventuais consequências. Se é que realmente se pode ser
vítima única dos próprios atos; sempre há quem os sofra minimamente.
Quando
a incoerência se dá em atitudes que envolvem amplo espectro, porém, é
inevitável que suas consequências atinjam a muitos, aumentando exponencialmente
suas eventuais e indesejadas consequências. À medida que tratamos de incongruências
ligadas à vida de um grupo, uma comunidade, um município, um estado ou até mesmo
um país, as consequências podem atingir a milhões.
Sem
querer entrar fundo no mérito da questão, porque nenhuma questão de Estado é
assim tão simples ou superficial, fiquemos apenas no limiar do confronto dos
discursos das autoridades, diante das questões que se lhes apresentam diariamente.
Sim, porque não é preciso grande esforço para esbarrarmos em suas incoerentes afirmações,
já que respostas são disparadas como metralhadoras por suas excelências, à
medida que as pressões lhes impõem posicionamento caso a caso.
A
flutuação da teoria aplicada, que flana ao sabor das conveniências, mantém-nos
a todos em suspenção constante, sem que uma direção seja apontada como fim,
não importando as circunstâncias que se apresentem ao longo da jornada. Na prática,
ora vamos por aqui, ora por ali, conforme a necessidade do
discurso, ou de interesses nem sempre tão republicanos.
Ou
seja, debruçando-nos sobre o assunto em questão, há ou não há dinheiro no
orçamento de MG para as diferentes demandas? Se há, por que se atende a essa ou
aquela, em detrimento desta ou daquela outra? E se não há, como se acena como havendo,
para aquilo que pode trazer dividendo político, em lugar do que é urgente e
necessário? Seria uma momentânea perda de percepção do todo, ou apenas mais uma
movimentação falaciosa pontual com fins eleitoreiros?
Na
verdade nada disso importa. Garantir coerência entre a teoria e a prática,
entre o discurso e as ações, por mais impopulares e inconvenientes que se
revelem, para quaisquer pretensões políticas de curto prazo, é o que nos fará
manter o trem sobre os trilhos da recuperação nacional. Sim, porque se em
grande parte passamos por uma crise de caráter e honestidade política, que se reflete
nos mais diversos setores da nação, a superação e uma recuperação sustentável
passará inevitavelmente por uma profunda mudança de atitude e de posicionamento
de nossos dirigentes. Mas não apenas deles.
Se
queremos um país melhor, é bom começarmos a equilibrar nossas teorias com
nossas práticas. É bom começarmos a buscar coerência. Por mais difícil que seja
num primeiro momento. E a começar por mim; incoerente até mesmo nas mais comezinhas
vicissitudes da vida.
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https://oglobo.globo.com/brasil/com-reajuste-de-41-policiais-de-mg-zema-acena-bolsonaristas-irrita-maia-divide-novo-24253022
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