Por
Jânsen Leiros Jr.
Que há seres humanos
cuja capacidade de elucubração vai muito
além da média, ninguém duvida. O que causa espécie, é que a maioria dessas
mentes privilegiadas estão no Brasil, e se concentram em ofícios públicos, exercendo
direta ou indiretamente grande influência sobre o cotidiano de nossa gente.
E por que exatamente se
enquadram na categoria de mentes privilegiadas? Porque são capazes de enxergar
além da visão comum, e de perceber minúcias que passam despercebidas pela maioria
dos mortais. Essas pessoas diferenciadas são detentoras de uma lógica peculiar
superior, e um senso de justiça tão supinamente evoluído, que foge ao
entendimento do brasileiro médio, que entende, quase que intuitivamente, que
lugar de criminoso é na cadeia, e que corrupto não deve exercer cargo público,
qualquer que seja, muito menos tomar posse em função legislativa.
Sim, esse entendimento
básico e de uma lógica tão rasteira e óbvia, não é apropriada a quem possui uma
visão além do óbvio. Afinal, o que é crime? E o que é público? E o que é
efetivamente ético? Ou ainda, qual o sentido efetivo de justiça? E que ligação
essas coisas possuem?
Enquanto nós, de mentes
comezinhas, ficamos perplexos pela obviedade de que um crime precisa, por vício
de premissa, ser veementemente punido, aqueles cujos olhos enxergam muito à
frente, elucubram questões conceituais, utilizando-se de uma lógica ilógica, ou
minimamente ideológica, que foge de nosso parco e humildes padrões restritos de
entendimento e poder de conclusão.
No caso em questão,
lembro-me bem, quando da decisão da ALERJ de não dar posse aos eleitos, uma vez
que se encontravam presos por conta de seus envolvimentos nos crimes
investigados pela Lava Jato, todos entendemos como uma decisão óbvia e justa.
Claro! pensamos nós rasteiramente, não há qualquer sentido nisso, usando nossa
pequena lógica; a de que presos e investigados não podem ou pelo menos não
devem tomar posse de seus cargos eletivos, na casa legislativa estadual.
Pensando bem, como somos tacanhos.
A lógica superior, no
entanto, e portanto prevalente, é a de que enquanto tais investigados não são
condenados em todas as instâncias cabíveis ao processo, não só eles devem
responder em liberdade, como apesar de tudo podem, por direito, exercerem seus
mandatos, ainda que tenham sido preso por crimes realizados exatamente no
exercício de suas funções públicas.
Isso é mais ou menos
como manter a raposa solta no galinheiro, enquanto as imagens das câmeras
espalhadas pelo terreno, não confirmarem que é ela, a raposa, que anda comendo
as galinhas, não obstante todas as suspeitas recaírem sobre ela. Loucura? De
jeito algum. Você é que vê tudo com simplicidade e pouca profundidade. Talvez
por ser ignorante, ou por ser incapaz de uma elucubração superior, própria
apenas àqueles que tem o poder de lidar com circunstâncias complexas, apesar de
nossa perplexidade.
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