domingo, 22 de setembro de 2024

Cadeiras voam! Tanto quanto nossos sonhos de um país melhor

Por Jânsen Leiros Jr.

"Uma pessoa pode acreditar de forma apaixonada que está certa, mas quando essa crença se torna intolerante à divergência, ela se transforma em tirania disfarçada de virtude." – John Stuart Mill

"Onde há boa ordem, há boa política, pois os governantes buscam o bem comum, não a destruição de seus adversários." – Nicolau Maquiavel

"A política, de fato, é a arte de garantir o bem comum, e não o confronto estéril entre facções que buscam apenas o poder pelo poder." – Aristóteles

"A inabilidade para discutir de maneira racional substitui o verdadeiro debate por brigas e provocações, e nenhuma sociedade pode florescer onde esse é o padrão." – Bertrand Russell

"Quando os políticos deixam de agir pelo bem da sociedade e se dedicam apenas a atacar seus rivais, a república se enfraquece, pois é da justiça, não da violência, que ela se sustenta." – Montesquieu

"A essência da política é a liberdade; onde o discurso se transforma em violência, a política perde seu valor e a sociedade se distancia da verdadeira democracia." – Hannah Arendt

Nota sobre os autores acima[1] 

              A realidade das campanhas eleitorais no Brasil é desoladora. Em vez de promoverem debates profundos que esclareçam o eleitor e apresentem visões de mundo e soluções concretas, o que vemos é um verdadeiro circo de provocações e baixarias. Acusações, mentiras e calúnias se tornaram armas para inflamar "torcidas organizadas", e isso expõe nossa fragilidade democrática. Décadas de suposta democracia não foram suficientes para evitar que nossas disputas políticas permanecessem infantis e vazias.

Considerando as frases acima e o ambiente vivido por seus diferentes autores, há que se concluir que a rivalidade política já promoveu, ao longo da história, circunstâncias, no mínimo, desconfortáveis. Mas o recente episódio envolvendo Datena e Pablo Marçal em debate promovido pela TV Cultura escancara o nível raso das discussões políticas no país. A violência, seja verbal ou física, transforma o debate eleitoral em um confronto estéril, onde o objetivo de construir um país melhor é completamente obliterado. Práticas como essas, longe de beneficiar a nação, apenas alimentam uma polarização perigosa, convertendo os eleitores em meros espectadores de um jogo sujo, sem qualquer entendimento real do que está em jogo.

A democracia se fragiliza quando estratégias de desqualificação e agressão substituem a apresentação de propostas sérias e viáveis. Isso reflete uma política pobre, que, incapaz de se livrar de expedientes rasteiros, prefere explorar o emocional, a raiva e a confusão. Como consequência, o eleitorado brasileiro é conduzido por uma onda de irracionalidade que perpetua o ciclo de promessas vazias e embates superficiais.

Se o Brasil deseja crescer como nação, é urgente romper com essa cultura política decadente, que apenas empobrece nossa democracia. Não podemos mais tolerar campanhas eleitorais que se assemelhem a arenas de gladiadores, enquanto questões fundamentais como saúde, educação, segurança e desenvolvimento econômico são deixadas de lado. O Brasil não precisa de candidatos que saibam brigar, mas de líderes que saibam governar com integridade, visão e compromisso real com o futuro.

                É insuportável ver a política nacional reduzida a um espetáculo grotesco, onde o bem-estar do país é deixado de lado. Até quando aceitaremos que a verdadeira democracia seja pisoteada por personagens que preferem a luta suja em vez da luta por soluções? Precisamos romper com essa engrenagem que empobrece o país e transforma eleitores em massa de manobra de um jogo sem propósito. O despertar é urgente, e ele exige uma mudança de mentalidade, não apenas de candidatos. Se continuarmos a aplaudir esse show de horrores, que futuro estaremos construindo?


[1] John Stuart Mill: Filósofo britânico do século XIX, defensor do utilitarismo e dos direitos individuais, especialmente da liberdade de expressão.

 

Nicolau Maquiavel: Pensador renascentista italiano, autor de O Príncipe, conhecido por suas teorias políticas pragmáticas sobre poder e governança.

 

Aristóteles: Filósofo grego clássico, discípulo de Platão, cujas ideias sobre ética e política influenciaram profundamente o pensamento ocidental.

 

Bertrand Russell: Filósofo e matemático britânico do século XX, famoso por seu trabalho em lógica, filosofia da linguagem e ativismo pela paz.

 

Montesquieu: Filósofo e jurista francês do Iluminismo, conhecido por sua teoria da separação dos poderes no governo.

 

Hannah Arendt: Filósofa política alemã do século XX, destacada por suas análises sobre o totalitarismo, a natureza do poder e a liberdade.


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