Por Jânsen Leiros Jr.
“Há
de fato um aumento preocupante nas mortes de crianças indígenas entre 2022 e
2023. De acordo com o relatório "Violência Contra os Povos Indígenas no
Brasil", elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), as mortes
de crianças indígenas de 0 a 4 anos aumentaram 24,55% nesse período. Em 2022,
foram registradas 835 mortes, enquanto em 2023 o número subiu para 1.040. O
Amazonas lidera os estados com o maior número de casos, seguido por Roraima e
Mato Grosso. Esses dados foram obtidos através do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena
(Siasi)” – matéria do Link
Our View
"A mentira política não consiste em dizer o que não é verdade, mas em apresentar como verdadeira uma promessa que não tem intenção de cumprir." – Hannah Arendt (1906-1975)
"O homem superior age antes de falar, e depois fala de acordo com suas ações." – George Orwell
"O objetivo do poder é o poder. E as mentiras são usadas como ferramentas para mantê-lo." – Confúcio
É
revoltante e doloroso observar que, mesmo com a troca de governo e a criação do
tão alardeado Ministério dos Povos Originários, a realidade vivida pelas
crianças indígenas no Brasil continua trágica e inaceitável. Entre 2022 e 2023,
houve um aumento expressivo na mortalidade infantil entre crianças indígenas de
0 a 4 anos, totalizando 1.040 óbitos em 2023. Esse número reflete não apenas o
abandono, mas também o descaso flagrante com essas populações vulneráveis. São
mortes que poderiam ser evitadas com medidas básicas de saúde, como acesso a
medicamentos, saneamento adequado e alimentação, especialmente considerando que
muitas dessas mortes foram causadas por desnutrição e a falta de remédios
simples.
O
descompasso entre o discurso oficial do governo e a realidade no terreno é
gritante. No plano retórico, houve a criação de um ministério, chefiado por uma
mulher indígena, algo que parecia, à primeira vista, um avanço concreto na
representação e no cuidado dos povos originários. No entanto, a gestão e a prática
mostram que pouco foi feito para mudar a dura realidade de quem vive nas
comunidades indígenas. Como pode um governo que se comprometeu a proteger esses
povos permitir que crianças morram por falta de assistência médica básica?
O
discurso de proteção dos povos indígenas é vazio enquanto vidas são perdidas em
números tão alarmantes, especialmente quando se sabe que essas mortes são
evitáveis. A promessa de apoio e proteção virou uma verdadeira farsa. Não basta
criar ministérios ou cargos de destaque se as políticas não chegam às aldeias,
se o apoio efetivo não alcança as crianças que morrem por doenças curáveis ou
evitáveis.
Os
Yanomami, em particular, enfrentam uma crise humanitária devastadora, que se
agrava pela presença de garimpeiros ilegais em suas terras, contribuindo para o
aumento da mortalidade infantil. A falta de controle sobre essas invasões é uma
evidência gritante de que o Estado falhou na proteção das comunidades,
permitindo que seus territórios fossem saqueados, seus recursos roubados, e
suas crianças morressem pela omissão de políticas públicas.
É
inadmissível que, em pleno século XXI, um país com tantos recursos como o
Brasil continue negligenciando os povos indígenas, que há séculos são
sistematicamente marginalizados e abandonados. As mortes de 1.040 crianças
indígenas em 2023, e as mais de 3.500 nos últimos cinco anos, são um verdadeiro
escândalo humanitário. O governo federal precisa ser veementemente cobrado a
atuar com urgência para reverter esse cenário de genocídio silencioso.
Este
é um apelo por ação imediata! A criação de um ministério e a promessa de
atenção especial aos povos originários não podem continuar sendo apenas um
gesto simbólico e vazio. É preciso transformar o discurso em realidade, com uma
presença constante e eficaz do Estado nas aldeias, garantindo assistência
médica, segurança alimentar e condições dignas de vida para as crianças e suas
famílias.
O
Estado brasileiro deve ser responsabilizado por essa tragédia e, acima de tudo,
precisa agir rapidamente para estancar o sofrimento de tantas comunidades que,
mesmo após séculos de exploração e desrespeito, ainda lutam desesperadamente
pela sobrevivência de suas crianças.
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