sexta-feira, 27 de setembro de 2024

O que vemos e não vemos na guerra Israel x Hamas - um pano de fundo

 

Por Jânsen Leiros Jr.

Citações de Líderes de Países Inimigos de Israel

"Israel deve ser varrido do mapa."

Mahmoud Ahmadinejad – Ex-presidente do Irã, pertencente ao governo teocrático iraniano (Discurso em conferência em 2005).

 "Se os judeus se reunirem em Israel, será mais fácil matá-los de uma vez só."

Hassan Nasrallah – Líder do Hezbollah (grupo extremista – em entrevista em 2002).

 "A luta será continuada até que toda a Palestina seja libertada e Israel seja eliminado."

Yasser Arafat – Líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) - Discurso de 1974.

"O regime sionista é um tumor cancerígeno que deve ser removido."

Ali Khamenei – Líder Supremo do Irã - Discurso em 2018.

"O estado de Israel é ilegítimo e deve ser combatido até ser destruído."

Ismail Haniyeh – Líder do Hamas (grupo extremista – em entrevista de 2006).

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Citações de Líderes de Países Inimigos de Israel na ONU

Recep Tayyip Erdoğan – Presidente da Turquia:

"Israel é um estado terrorista que está cometendo um genocídio contra os palestinos." (Discurso na ONU em 2014).

Mahmoud Abbas – Presidente da Autoridade Palestina:

"Israel está realizando uma limpeza étnica contra os palestinos e criando um regime de apartheid." (Discurso na ONU em 2011).

Mohammad Javad Zarif – Ex-ministro das Relações Exteriores do Irã:

"O comportamento de Israel contra os palestinos é uma vergonha moral para o mundo." (Discurso na ONU em 2019).

 

Citações de Líderes israelenses

Meir Kahane – Fundador do partido Kach (banido por extremismo):

"Os árabes são um câncer no corpo de nossa nação e devem ser removidos." (Discurso em 1980).

Rabbi Ovadia Yosef – Líder espiritual do partido Shas (2010):

"Os árabes são cobras. Deus deveria castigá-los com pragas." (Sermão de 2010).

Ayelet Shaked – Ministra da Justiça de Israel (2014):

"O povo palestino é o inimigo, e seu sangue deve estar nas mãos de Israel." (Postagem no Facebook em 2014).

Yitzhak Shamir – Ex-Primeiro-ministro de Israel (1988):

"Os árabes devem ser espancados e forçados a rastejar." (Declaração a jornalistas em 1988).

Ariel Sharon – Ex-Primeiro-ministro de Israel (2001):

"Todo mundo tem que mexer com os palestinos, eles são terroristas natos." (Entrevista em 2001).

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Citações de Líderes israelenses na ONU

Benjamin Netanyahu – Primeiro-ministro de Israel (2016):

"O Conselho de Direitos Humanos da ONU tem sido uma farsa, atacando Israel repetidamente enquanto ignora os verdadeiros culpados das atrocidades no mundo árabe." (Discurso na ONU, 2016).

Abba Eban – Ex-Ministro das Relações Exteriores de Israel (1973):

"Os palestinos nunca perdem uma oportunidade de perder uma oportunidade." (Discurso na ONU, 1973).

O conflito entre Israel e Palestina, com sua escalada recente e o envolvimento contínuo do grupo Hamas, é apenas mais um capítulo em uma história que atravessa séculos. Para compreendê-lo plenamente, é necessário mergulhar nas profundezas de uma disputa territorial, religiosa e política que remonta a tempos antigos, mas que, ao longo do século XX, ganhou contornos ainda mais violentos e complexos. Com raízes na antiga Palestina e no renascimento do nacionalismo judaico no final do século XIX, a fundação do Estado de Israel em 1948 foi um marco importante, mas também o início de uma série de confrontos com os árabes da região, especialmente os palestinos, que até hoje lutam por um Estado próprio.

A rivalidade histórica entre israelenses e palestinos pode ser traçada até os primeiros movimentos sionistas no final do século XIX, quando judeus, principalmente da Europa, começaram a imigrar para a Palestina, então parte do Império Otomano. A perseguição na Europa, sobretudo o Holocausto, intensificou essa migração. Após a Segunda Guerra Mundial, o Plano de Partilha das Nações Unidas de 1947 propôs a criação de dois estados: um para os judeus e outro para os árabes. No entanto, os países árabes rejeitaram essa solução, e o conflito armado irrompeu. A guerra de 1948 culminou na criação de Israel, mas também no deslocamento de centenas de milhares de palestinos, que viria a se tornar um dos principais focos da discórdia no Oriente Médio.

Desde então, a história tem sido marcada por uma sequência de guerras, acordos fracassados e ataques terroristas. Um dos fatores centrais para a perpetuação deste conflito é a presença de grupos como o Hamas, que surgiu nos anos 1980 como uma facção islâmica resistente à presença israelense. O Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, adota uma postura abertamente hostil a Israel, com atentados suicidas e ataques com foguetes contra civis israelenses, ações estas que acabam justificando uma série de retaliações militares de grande escala por parte de Israel. Como argumentam analistas, as ações de Israel, frequentemente violentas e letais, são em grande parte uma resposta à contínua ameaça representada por esses ataques.

Apesar disso, o ciclo de violência entre os dois lados parece inquebrável. De um lado, os israelenses justificam suas ofensivas militares como uma defesa contra ameaças terroristas, como os milhares de foguetes disparados pelo Hamas, muitos deles em áreas residenciais. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou recentemente que "Israel tem o direito e o dever de se defender contra uma organização terrorista que busca sua destruição." Netanyahu, ao longo de sua carreira política, sempre defendeu medidas de segurança rigorosas como resposta às ameaças palestinas.

Por outro lado, os palestinos, tanto na Cisjordânia quanto em Gaza, vivem sob uma ocupação militar israelense, com restrições severas de movimento, uma economia fragilizada, e, em muitos casos, sem acesso adequado a serviços essenciais. Para muitos palestinos, a resistência, seja ela militar ou política, é vista como uma luta por liberdade e dignidade. O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em diversos discursos, mantém a retórica de que "a resistência armada é o único caminho para libertar a Palestina". Essa visão, no entanto, reforça a violência cíclica, onde cada ação de um lado provoca uma reação ainda mais intensa do outro.

A comunidade internacional, historicamente dividida, também tem um papel ambíguo nesse conflito. Apoiadores de Israel, como os Estados Unidos, frequentemente ressaltam o direito à autodefesa do Estado israelense, fornecendo apoio militar e diplomático. O presidente Joe Biden, por exemplo, afirmou em 2021 que "nenhum país pode tolerar ataques indiscriminados contra seus cidadãos" ao defender o apoio americano a Israel em meio a ataques do Hamas. Ao mesmo tempo, críticos internacionais, especialmente em organismos como as Nações Unidas, denunciam a ocupação israelense e o bloqueio de Gaza como causas fundamentais do conflito, clamando por um retorno às negociações de paz e por uma solução de dois estados.

O conceito de legitimidade moral também permeia esse conflito. Até onde vai o direito de Israel de se defender sem violar os direitos humanos dos palestinos? Quando uma resposta a um ataque se transforma em retaliação desproporcional? O número de civis mortos, especialmente entre os palestinos, é um dado que não pode ser ignorado. Organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional frequentemente acusam Israel de uso excessivo da força, apontando que a maioria das vítimas em Gaza são civis, incluindo mulheres e crianças. Essas mortes alimentam um ciclo de ódio que parece não ter fim.

O que agrava essa questão é o fato de que, no discurso popular, a voz da paz é constantemente abafada pelas explosões e retaliações. Em ambos os lados, existem aqueles que defendem o diálogo, a coexistência e uma solução pacífica, mas essas vozes são frequentemente ignoradas em meio ao barulho das armas. A ex-política israelense Tzipi Livni, uma defensora da solução de dois estados, já declarou que "a paz é a única verdadeira segurança que Israel pode ter", mas essa visão parece estar cada vez mais distante, à medida que extremistas de ambos os lados ganham força.

No entanto, será que um caminho para a paz é possível? O futuro do Oriente Médio, e talvez do mundo, depende de uma resposta a essa questão. O que está em jogo não é apenas a sobrevivência de Israel ou o reconhecimento de um Estado palestino, mas também a estabilidade regional e global. Com o envolvimento de potências internacionais e a ascensão de grupos extremistas em todo o mundo, o conflito israelense-palestino torna-se um microcosmo de questões globais maiores: como equilibrar segurança com justiça, como reconciliar diferenças culturais e religiosas, e como alcançar a paz em meio a séculos de desconfiança e ódio.

Enquanto assistimos a mais um episódio deste conflito interminável, somos obrigados a refletir: haverá um ponto de ruptura? O ódio acumulado pode ser superado? E, em última análise, a paz que tantos clamam, mas que poucos parecem buscar ativamente, é realmente possível no Oriente Médio e no mundo como o conhecemos?


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