segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Liberdade. Como se vive e como se perde

Por Jânsen Leiros Jr. 

"A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é, sobretudo, o maior elemento de estabilidade de uma sociedade." – Ruy Barbosa

"Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança." – Benjamin Franklin

"A liberdade nunca está a mais de uma geração da extinção. Nós não a passamos para nossos filhos na corrente sanguínea. Ela deve ser conquistada, protegida, e passada para eles fazerem o mesmo." – Ronald Reagan

"A perda da liberdade, mesmo que pequena, é um passo em direção à escravidão." – John Locke

 

                A Liberdade é uma necessidade essencial para todos nós e está no cerne da vida saudável em sociedade e é, ao mesmo tempo, um dos bens mais importantes de cada ser humano. Por isso deveria ser, por conceito, inalienável. Mas o que é, afinal, essa tal liberdade? Como é que a exercemos, e como é que ela pode ser perdida ou ainda arrancada de nós? É muito importante falarmos disso, pois a liberdade é fundamental para o pleno exercício da cidadania e da própria existência humana.

Para muitas comunidades e nações mundo afora, liberdade é uma palavra que soa como música para os ouvidos, ou mesmo um sonho distante e impensado. Em países como a Coréia do Norte, alguns países do Oriente Médio, e mais próximos de nós, a Venezuela, o conceito pleno de liberdade, ou não existe, ou já ganhou contornos peculiares e bastante distorcidos de seu sentido primordial e, portanto, mais original e irretocável. Sim, porque nesses países citados, tomar decisões, fazer escolhas ou mesmo emitir opinião livre e espontânea sobre o que se pensa, não são atos comuns ou inerentes ao cotidiano da vida do cidadão. Muito pelo contrário, em lugares em que a liberdade, não é plena ou é inexistente, o pensamento diverso, as ideias divergentes ou mesmo as filosofias contrárias à do Estado, qualquer que seja sua forma de organização, são impedidas, sufocadas ou reprimidas de forma veemente. E assim o é, ou por narrativas manipuladas e massivas, ou pelo uso extremo da força. Quando não, da forca e similares.

Para nós brasileiros, principalmente os mais novos, em tese acostumados com uma declarada sensação de liberdade, pensar em uma condição de não liberdade pode parecer distante e sem aplicação efetiva à nossa condição nacional de momento. É importante ressaltar, no entanto, que em nenhuma nação onde a liberdade já não existe, sua perda não se deu de uma hora para outra. A perda da liberdade é, na verdade, uma espécie de doença silenciosa, que se alastra pelo tecido social de maneira sorrateira; apesar dos gritos de poucos, promovida pelo silêncio e isenção da esmagadora maioria. E quando nos damos conta, o tecido está necrosado, e sua recuperação praticamente impossível.

É claro que, no processo da perda da liberdade, algumas ações são confundidas como necessárias para uma anunciada manutenção da ordem. E não são poucos aqueles que concordam e fazem coro. Não foi diferente em 1964. Porém, esse é um posicionamento extremamente perigoso e casuísta. É como armar uma armadilha contra si mesmo. Sim, porque aquilo que momentaneamente pode parecer interessante para favorecimento de uma predileção política ou conveniência ideológica, inevitavelmente, se voltará contra aqueles que as aplaudem hoje. Simplesmente porque os algozes da liberdade, quaisquer que sejam eles, não têm lado e não têm qualquer compromisso ideológico. Suas sanhas apontam para um particular e implacável desejo de poder. Crescente, absoluto e esmagador, que transforma aliados de primeira ordem, inocentes ou não, em massa de manobra para suas astutas e maquiavélicas pretensões.

Portanto, atenção! Na estrada das perdas de direitos e estreitamento de possibilidades, jamais houve via de mão única. A história da humanidade está aí para provar a qualquer atencioso e observador honesto. Quem convenientemente concorda hoje com desmandos oportunos, amanhã lamentará pela liberdade que ajudou a desconstruir e revogar. Aquilo que plantamos, colhemos. E nisso o bom e velho ditado popular sempre se aplica. "Vento que venta lá, venta cá", e "pau que dá em Chico, dá em Francisco". As consequências de nossos oportunismos ou covardias sempre nos alcançam.

 Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós! E que a voz da igualdade seja sempre a nossa única, poderosa e genuína voz.

Um comentário:

  1. Parabéns Jansen, muito bem colocado. Uma das.maiotes conquistas de uma sociedade é a liberdade. Para gozar dela é necessário responsabilidade. Para não perdê-la é necessário zelo.

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